Seitas Criminosas
Como vimos formar uma seita
que defendesse tal ponto de vista era extremamente comum, ou seja, era quase
inevitável que acabassem surgindo grupos que visassem ao crime. Tão atraentes
quanto as seitas esotéricas, essas facções criminosas foram formas
tremendamente romanceadas por livros e filmes e transformadas em objeto de
fascínio para alguns e de terror para outros. Duas das mais conhecidas seitas
criminosas são a Ku Klux Klan e a Máfia, das quais falaremos um pouco a seguir.
A Ku Klux Klan é uma
sociedade secreta racista e terrorista. Surgida, num primeiro momento, como uma
brincadeira entre amigos na cidade de Pulaski, no estado do Tennesee, nos
Estados Unidos, em 1865, tinha o objetivo de assustar negros ex-escravos. No
entanto, ao perceberem o pavor que causavam, tornaram-se numa organização
ideológica, racista e também de cunho xenófobo, promovendo a supremacia branca
e o protestantismo. Inicialmente, o grupo cavalgava á noite e importunava os
vizinhos. A implicação com os negros começou quando, após a Guerra Civil
Americana, os escravos foram libertados. E as cavalgadas tornaram-se
perseguições. No espaço de apenas um ano o grupo tornou-se racista e com
agentes em diversos estados, incluindo ex-generais sulistas entre os chefes e
financiamento de agricultores prejudicados pela abolição. Esse primeiro grupo
foi reconhecido como entidade terrorista e banido dos Estados Unidos em 1872.
Porém, um segundo grupo surgiu em Atlanta no ano de 1915 e era liderado por um
pastor, Willian J. Simmons. Influenciado pelo filme O Nascimento de uma Nação, de D.W Griffith, que promovia a
superioridade branca, reconstituiu a KKK como uma organização fraternal, cujo
objetivo era “lutar pelo domínio dos brancos protestantes sobre os negros,
católicos, judeus e asiáticos, assim como outros imigrantes.”. Mais do que
primeiro grupo, foi este que perpetuou as imagens aterrorizantes de
linchamentos e de violência contra os negros. Ficou tão famoso que, em 1920,
contava com um total de quatro milhões de membros, mas teve queda acentuada em
sua popularidade a partir da época da Grande Depressão (1929) e da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Hoje se estima que a seita possua cerca de três mil
membros em todos os estados confederados.
Mafia
Falemos agora sobre a Máfia.
Muitos não sabem que a conhecida organização criminosa começou no sul da Itália
durante a época medieval, e que seus membros não eram criminosos, mas
lavradores que alugavam as terras de senhores feudais. Porém, tinham como
objetivo dividir essas terras e, para isso, começaram a depredar gado e
plantações. Para evitar essa devastação, os interessados tinham de fazer um
acordo com o grupo. Começava assim a prática ilícita da “proteção forçada”, que
mais tarde se espalharia por todo o mundo. O nome da Máfia teria surgido,
segundo uma das muitas variações, durante a ocupação do reino de Nápoles, pela
dinastia de Bourbon, relacionada com a monarquia francesa. O grito da
resistência, “Morte ala Francia, Itália
anela!” (Morte á França, Itália avante!) teria originado o nome pelas
iniciais de cada palavra. Há registros de rituais pelos quais os associados de
cada ramo mafioso devem passar: um exemplo é o ritual de iniciação da Cosa
Nostra siciliana, ocorrido quando um homem se torna um associado para, depois,
for um soldado. O registro veio de Tommaso Buscetta, um ex-informante mafioso.
O candidato (ou seja, o neófito) é trazido na companhia de pelo menos três
“homens de honra” da família. O membro mais velho presente o adverte que “esta
Casa” deve proteger os fracos contra o abuso dos poderosos. O ancião fura o
dedo do iniciado e espalha seu sangue na imagem de um santo. Esta é colocada na
mão do candidato e então incendiada. O neófito deve suportar a dor da
queimadura e passar o objeto de uma mão para outra até que esteja totalmente
consumida. Nesse meio tempo, deve jurar fidelidade aos princípios da “Cosa
Nostra”, afirmando que “minha carne possa se queimar como este santo se falhar
em manter meu juramento”. Os sicilianos possuem também um juramento de
silêncio, conhecido como omerta, que proíbe qualquer homem, mulher ou criança
de cooperarem com a polícia ou com o governo, mesmo no caso da esposa saber o
nome de quem matou seu marido.
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