segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DEVERES MAÇÔNICOS

Introdução
Em 1986 ao visitar a A.·.R.·L·.S.·. Francesco Guardabassi, no Oriente de Perugia-It conheci o Ir.·. Augusto Megni que, na época, exercia o cargo de "Sovrano Gran Commendatore del Supremo Consiglio d’Italia del Rito scozzese Antico ed Accettato", pessoa que, alem de grande cultura maçônica, um Ir.·. simples e cordato. Nas conversas que tivemos mostrou-me um discurso que proferiu em uma solenidade daquela Loja. Posteriormente ao lê-lo notei sua profundidade e pertinência. Desde então senti uma grande vontade de trazer suas palavras para minha Loja e dividir suas posições e ensinamentos para com meus IIrr.·. no Brasil. Mas o tempo e minhas atribuições profissionais foram postergando tal disposição. Há algum tempo "viajando" pela internet deparei com um trabalho preparado pelo Ir.·. Dario Veloso denominado "A sombra da Acacia" que, de volta me levou àquela disposição nascida em Perugia. Isto porque este trabalho complementava de maneira muito interessante as palavras do Ir.·. De Megni. Desta forma resolvi traduzir para o português e adaptar as palavras daquele discurso para a realidade da maçonaria no Brasil e acrescentar alguns conceitos e colocações do Ir.·. Dario neste trabalho. Assim reeditei o “Deveres Maçônicos” para as nossas realidades.
Nossos velhos estatutos definem “Pedreiro Livre” ou “Maçom” como o amigo fiel de sua Pátria e de todos os homens que, despojando-se, com sua Iniciação, de todas as distinções profanas e de tudo aquilo que o homem tem de vulgar, se ornamenta com o doce titulo de Irmão.
Outro preceito, dos mesmos Estatutos, ressalta que a Ordem dos Pedreiros Livres é indestrutível porque é forte; é forte porque é unida; é unida porque a Pátria dos Maçons é o Mundo; porque seus compatriotas são todos os homens virtuosos e porque seus princípios são a voz a Natureza.
A Maçonaria teve a sua origem quando o Homem se refugiou em si mesmo e descobriu o próprio estado existencial.
Um nascimento, uma vida e uma morte dedicados ao ensino da solicitude, é quando se sente impelido pela necessidade de uma fraternidade, de um legado mais vinculado e sacro do que aquele social de sangue e de interesse.
Uma fraternidade mais de alma do que de corpo, uma corrente que tem em uma extremidade o Grande Arquiteto do Universo, o Operário Invisível, e na outra o Homem com sua divindade interior, com a conseqüente consciência do dever de uma elevação própria e dos outros, sobretudo pautando a não prevaricar, porque ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de sobrepor-se ao Irmão.
As Normas que definem nossos deveres, que é a base orgânica da moderna Maçonaria, são reportados da Constituição de Anderson. Os deveres pessoais dos Maçons são os seguintes:
- Aquele que aspira ser Maçom deve saber usar a própria virtude, evitando qualquer forma de intemperança e de excessos que o impeçam atender os louváveis deveres da Arte e também levá-lo a cometer ações quer possam macular a reputação de nossa antiga Irmandade.
- Ele deve ser diligente na sua profissão e fiel ao Mestre que o orienta.
- Deve trabalhar animado do senso de justiça e não deve comer a traição o pão de outrem, mas deve pagar honestamente o que come e bebe.
- As horas de ócio, que seu trabalho lhe concede, devem ser diligentemente dedicados ao estudo da Arte e das Ciências para ficar mais bem preparado aos seus deveres para com Deus, a Pátria e a si mesmo.
- Ele deve, a medida do possível, adquirir um espírito de paciência, mansidão, sacrifício e abnegação, para saber a dominar a si mesmo e a guiar a própria família com afeto, dignidade e prudência.
- Ao mesmo tempo deve saber reprimir qualquer disposição nociva aos seus semelhantes procurando promover entre eles o amor e a cooperação que sentem os membros de uma família.
Ajudar os desventurados, dividir o nosso pão com os trabalhadores mais pobres, indicar o caminho certo aos viajantes perdidos são os deveres da nossa Arte que alem de refletir a sua nobreza exprime a sua utilidade. Apesar de o Maçom jamais deixar de dar atenção aos seus semelhantes, quando é um seu Irmão que sofre ou é oprimido, ele deve, de maneira especial, abrir-lhe todo o seu coração com amor e paixão e ajudá-lo sem nenhum prejuízo, conforme a sua capacidade.
Os Pedreiros Livres e Aceitos sempre tem a obrigação de proteger da calunia um Irmão leal e verdadeiro, e não devem nutrir sentimentos injustos ou malignos ou criticar maldosamente um Irmão ou a seus atos. Nem devem permitir a divulgação de censuras injustas ou calunias contra um Irmão ausente ou que seus bens sofram danos; deverão defendê-lo, mantê-lo informado de qualquer perigo ou dano que o possa ameaçar e ajudar a evitá-los, porquanto o permitam a honra, a prudência e o resguardo da religião, da moralidade e do Estado; porem não devem ir alem
É necessário também, para aquele que aspira a ser Maçom, aprender de abster-se de toda a maldade, maledicência ou calunia; de evitar o falar ofensivo, reprovável ou ímpio e possuir uma palavra de boa reputação.
Um Maçom deve aprender a obedecer aqueles que estão em Grau superior ao seu, porquanto possam parecer inferiores pelo aspecto ou pela condição social, pois, não tendo a Maçonaria privado ninguém de seus títulos e de suas honrarias, em Loja, é a excelência na virtude e no conhecimento da Arte que nos dá a verdadeira fonte de nobreza, de comando e de governo.
A virtude indispensável exigida ao Maçom é o segredo; essa é a guarda de sua segurança e a segurança de sua confiança. Tal é a importância dada ao segredo que este é pedido com forte promessa e, no entender dos Maçons, nenhum homem é julgado sábio se não tem força e habilidade mental suficiente para guardar, assim como seu mais sério afazer pessoal, aquele honesto segredo que lhe possam confiar. É, incontestavelmente, o sigilo, pedra de toque inestimável que dá com segurança o caráter do maçom. Não que o sigilo seja sempre necessário pela natureza dos assuntos tratados em Loja; mas, porque habitua o M a circunspeção, corrige a leviandade e a tagarelice.
Pitágoras exigia dos postulantes longos mutismos, de anos por vezes. Era maneira de corrigir o pendor natural das palavras irrefletidas.
Pensar com segurança, meditar com paciência, julgar com imparcialidade, agir com firmeza: são preciosas qualidades que todo maçom se esforçara em adquirir, infatigavelmente.
As recompensas não existem para o M; trabalha por um grato e salutar dever consciente; não pede aplausos, não almeja agradecimentos. Suas ações generosas esquece-as; não as proclama. Mesmo, e principalmente, os atos de beneficência fica entre o que dá e o que recebe.
Sabe o M que ficará ignorado pois é o bem, e não a vaidade, o móvel de suas ações.
Guardar sigilo, e poupar ao indigente o rubor da esmola é merecer para a Ordem a confiança e as bênçãos das vitimas do infortúnio.
O sigilo é também um degrau de honra
E alem disso o Maçom é um cidadão pacifico; não deve jamais tomar parte em complot ou conspiração contra a paz e o bem estar da Pátria, nem deve agir de forma indevida frente a Autoridade. Ele deve sempre aceitar de bom animo as ordens legalmente emanadas, sustentar em todas as ocasiões os interesses a comunidade e zelar para promover a fortuna da Pátria.
A Maçonaria é sempre florida em tempos de paz e sempre sofre danos em época de guerra, de revoluções e de perturbações: nossos sentimentos pacíficos e leais são a nossa maneira de responder sutilmente aos nossos adversários e de ter em alta honra a nossa Fraternidade. Aos nossos Obreiros são legados os vínculos especiais de proclamar a paz, cultivar a concórdia e viver em harmonia e amor fraterno.
Os Maçons devem ser homens com moral: bons maridos, bons genitores, bons filhos e bons vizinhos. Devem evitar qualquer excesso que possa trazer dano a si mesmo e a sua família.
Os nossos adversários desejam evidentemente ignorar que somos admitidos unicamente pelas qualidades e pelos merecimentos morais e que cada mundana distinção de status, de nacionalidade, de raça e de religião não tem para nós importância capital. Quando avaliamos um estranho, o que nós consideramos exclusivamente é o homem com suas intenções e seu intelecto.
Se alguém bate as portas de nosso Templo e conduz-se retamente na própria vida privada e publica, se é sensível aos males, as necessidades e aos sofrimentos de seu semelhante e, se tem sensatez e der provas de equanimidade ao julgar; se amar a verdade e observa todos os deveres de um cidadão honesto e laborioso, nós o consideramos digno de participar de nossa Fraterna União. A solidariedade e a fraternidade existem sempre que há compreensão de deveres.
Para a boa compreensão de deveres e necessário CARATER.
Porém, o escrúpulo nas iniciações impõem-se.
Não é o numero que faz a força; mas a QUALIDADE.
Poucos e bons, tal é a divisa, quanto aos M  ; poucas e boas, quanto as Off 
Ao contrario, a porta da Loja é rigorosamente fechada e barrada aos amorais, aos intrigantes de qualquer espécie e a quem especula das desventuras de outros.
Nós todos desenvolvemos e devemos desenvolver, agimos e devemos agir nos campos mais diversos, segundo as nossas capacidades, segundo as circunstancias e segundo os meios de que podemos dispor, nas obras mais idôneas para tornar melhor a vida social.
O único cimento capaz de manter unidos por recíproca estima e amizade, homens bons e sábios, é o amor fraterno reforçado pela comunhão de um alto sentimento de dever e com a participação em um assíduo trabalho diligente, paciente e, freqüentemente, árduo e penoso.
Tais sentimentos levam-nos naturalmente a pratica da ajuda recíproca, pronta e eficaz, em tudo aquilo em que as leis morais consentem ao homem honesto.
É o amor fraterno que nasce da simpatia e da confiança que nutrimos uns pelos outros que assegura a permanência das mais altas virtudes sociais:

A HOSPITALIDADE SIMPLES E CORDIAL,

O CIVISMO ATIVO E DESINTERESSADO,

A BENEFICIENCIA ILUMINADA E PREVIDENTE,

A CONSTANCIA NO EXERCICIO DA NOSSA MISSÃO DE HOMENS LIVRES.

Dar sustentação moral e material aos infelizes é um sacrossanto dever que cabe a cada homem e para nós, que somos ligados por uma cadeia indissolúvel de fraterno afeto, é uma obrigação rigorosa.
É por isso que somos considerados, alem de consolar os aflitos, a dividir com simpatia as suas penas, ter compaixão das misérias dos outros, restabelecer a paz nas mente perturbadas, ocupar-se incansavelmente a fazer o bem no sentido mais amplo da palavra a fim de eliminar, ou ao menos aliviar as causas da imperfeição da vida profana, porque a nossa Instituição foi exclusivamente criada para servir a toda a Pátria e ao gênero humano.
Como conseqüência cada Irmão, no campo de sua própria e normal atividade, deve colocar em pratica todos os ensinamentos a que foi convidado a meditar no dia de sua Iniciação.
E não é suficiente, porque as nossas ações devem ser desenvolvidas na pesquisa da verdade, através do estudo e da aplicação pratica em cada campo da cultura, da ciência, da filosofia, da disciplina econômica, jurídica e social, da literatura e das artes, afim de que todos os trabalhos, todos os discursos, todas as experiências, todas as invenções e todas as descobertas de laboratório sejam de valor e concreto auxilio a elevação espiritual e moral e para o bem da Humanidade, para a prosperidade da Pátria e para a defesa e garantia da dignidade e da liberdade.
Quem sabe compreenderemos: o bom Maçom é fator de progresso da terra onde habita, é fator de progresso humano; assim, deve saber sacrificar-se a bem da coletividade: Não se pertence; é obreiro da humanidade.
Quando as forças se esgotarem no labor insano; quando esmagados pela fatalidade, vencidos pelos anos, já não podermos sopesar o montante ou sustentar a trolha: devemos dizê-lo com franqueza em L, restituindo aos Ir:. as Armas e Instrumentos que recebemos puros e entregaremos sem nodoas.
Então, o Mestre nos dará o amplexo que conforta; e partiremos, contentes e satisfeitos, a consciência tranqüila, volvendo ao lar e aos carinhos da família e dos amigos e levando na alma o jubilo do dever cumprido.
No lar, na paz confortável, a conduta continuará a mesma que, nem nos umbrais da Morte, deveremos abdicar das convicções conscientes que a Iniciação nos proporcionou: da Justiça, da Razão, da Verdade e do Bem.
Bibliografia

de Megni, Augusto: Discurso proferido na RispLFrancesco Guardabassi Or di Perugia - It . 1976
Veloso, Dario: A Sombra da Acácia Or

A Ordem Rosacruz e a Maçonaria

Para saber-se as ligações entre a Maçonaria e a Ordem Rosacruz ou antiga e Mística ordem Rosae Crucis (AMORC) como preferem os seus adeptos, vamos fazer algumas considerações sobre essa Ordem.
Rosacruz é denominação da fraternidade filosófica, que, de acordo com a tradição mais em voga, teria sido fundada por Christian Rosenkreuz e representa uma síntese do ocultismo imperante na Idade Média.
Harvey Spencer Lewis pretende, todavia, que rosenkreuz tenha sido, simplesmente, um renovador, já que a instituição remontaria ao antigo Egito, à época do faraó Amenophis IV. O rosacucianos, tem aceitado essa hipótese falseando, lamentavelmente a verdade histórica, pois, na realidade, essa fraternidade nasceu no período medieval, embora apresentando, em sua ritualística, muito do misticismo das antigas civilizações, como acontece com a maçonaria (muitos maçons também querem fazer crer que a Ordem Maçônica é antiguíssima e já existia no Antigo Egito e na Pérsia, o que é, verdadeiramente, uma heresia histórica).
O rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosóficas-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc. A primeira menção histórica da ordem daata de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.
A ORDEM NAS AMERICAS
Harvey Spencer Lewis, foi à  pessoa que reaativou a AMORC na América do Norte, no início do século XX, já que ela havia existido anteriormente, onde algumas pessoas que se destacaram como Benjamim Frnklin teriam pertencido à mesma. Na ocasião a Ordem era ativa em alguns países da Europa, como Françã e Alemanha, mas com rituais diferenciados. Harvey Spencer Lewis ao trazer a AMORC para a América, não o fez sem antes estudar por mais de 10 anos suas raízes, o que permitiu mais tarde unificar todas as ordens no mundo, cuja essência fosse a mesma. A introdução do estudo à distância permitiu a rápida proliferação da AMORC e em 1915 ele tornou-se o 1º IMPERADOR, (se supremo da Organização), para a América do Norte. A unificação com a as demais ordens ocorreu no início dos anos 30, tornando-se Lewis o primeiro imperador mundial. No Brasil, os estudos foram introduzidos na década de 50, e o cargo supremo é ocupado por um grande mestre.
O nome AMORC – Antiga e mística Ordem Rosa Cruz foi dado para diferenciar-se de outras ordens filosóficas de mesmo nome, mas com diferente essência.
O CASAMENTO QUÌMICO DE CHRISTIAN ROSENKREUZ
O teólogo Johann Valentin Andréa, neto do também teólogo luterano Jacob Andréa, foi o homem que divulgou o rosacurcianismo. Andréa, que nasceu em Herremberg, no Werttemberg, em 1581, depois de viajar pelo mundo, retornou à Alemanha, onde se tornou pregador da corte e, posteriormente, abade. A sua principal importância, todavia, originou-se do papel que ele teve naquela sociedade alemã, que no princípio do século XVII, lutava por uma renovação da vida, com uma nova insuflação espiritual.
A popularidade alcançada por Andréa, entretanto, com a Societas Solis (Sociedade do Sol), a que ele procurou dar vida e a Ordem das Palmeiras, em que ele foi admitido aos 60 anos de idade, não se comparou à que ele conseguiu ao publicar o seu romance satírico “O Casamento Químico de Christian Rosenkreuz”, que criticava, jocosamente, os alquimistas e as ligas secretas,numa época que, de maneira geral, era de desorientação, onde o ar andava cheio de rumores e a velha ordem religiosa desagregava-se. A partir de 1597, já aconteciam reuniões de  uma liga secreta de alquimistas, que haviam ficado sem irradiações e sem significado espiritual. Foi então que a palavra Rosa-Cruz adquiriu, rapidamente, uma grande força atrativa, a ponto de, num escrito anônimo de 1614, chamado “Transfiguração Geral do Mundo”, ser incluído o conceito de “Fama Fraternitatis R.C.”,sem necessidades de ser escrito por extenso, pois ele já era bem entendido. Uma outra pequena obra, surgida um ano depois e chamada “Confessio”, publicava a constituição e a exposição dos fins que a Ordem era destinada.
O HERÓI VIVEU 150 ANOS, EXTINGUINDO-SE VOLUNTARIAMENTE
De acordo com o “Confessio”, a ordem Rosacruz representaria uma alquimia de alto quilate, na qual em vez das pesquisas sobre a Pedra Filosofal, era buscada uma finalidade superior,ou seja, a abertura dos olhos do espírito, através dos quais pudesse, o homem, ficar apto a ver o mundo e os seus segredos com mais profundidade. As correntes dos alquimistas medievais, então, diante da necessidade espiritual da época,incrementada pela disposição de renovação e organização secreta, tomaram enorme vulto com o aparecimento do romance satírico de Andréa.
O herói do romance é o Christian Rosenkreuz já descoberto pela “Fama Fraternitatis” e que já tinha, no século XIV, viajado pelo Oriente e, ali, aprendido a  “Sublime Ciência”; teria ele segundo a lenda que lhe cercou o nome, voltado para a Alemanha, onde sua idéia foi seguida por muitas pessoas, até chegar aos 150 anos de idade, quando, cansado na vida, extingui-se voluntariamente.
Andréa, no romance, aproveitou-se do nome que havia sido encontrado para ser a figura fundadora, mas o seu Rosenkreuz era velho e impotente, motivo pelo qual o seu casamento só poderia ser químico.
Todavia, ele tem cultura e conhece muitos segredos, além de estar sempre ávido por conhecer outros, por esse motivo é que, em cera ocasião, como hóspede da família real, ele entra num quarto em que dorme Vênus; depois quando, como outros convidados, ao ser proclamado cavaleiro da ordem da Pedra Dourada deve, de acordo com os estatutos da Ordem, repudiar toda a lascívia, torna-se público o seu erro. Assim, enquanto os outros vão embora, como cavaleiros da nova Ordem, ele tem que ali permanecer, na qualidade de porteiro, como castigo por ter descoberto Vênus.
A MÍSTICA IDÉIA DA ROSA PROVOCOU GRANDE SEDUÇÃO
Com essa sátira, dirigida às sociedades secretas e à alquimia, Andréa havia desvendado tanto de positivo sobre a nova Ordem, que restou a impressão de que ela já existia, ainda que só como imagem literária. Pode-se notar, facilmente, que a Pedra Filosofal dos alquimistas (que transformaria os metais inferiores em ouro); além disso, o encontro dos convidados ao casamento, vindos de todas as partes do mundo, e a sua ligação dentro da nova ordem ilustram o desejo de dar corpo aos esforços no sentido de uma renovação espiritual da vida, valendo-se do sugestivo símbolo Rosacruz.
Esse símbolo, além de sugestivo, corresponde à ansiedade daquela época. Alguns procuraram relaciona-lo com as armas de Lutero, coisa que não pode ser facilmente aceita,pois ele poderia ser, nesse caso, relacionado, também, com as armas de Paracelso, convindo esclarecer que Andréa representou o seu Rosenkreuz com quatro rosas no chapéu, rosas essas que, desde a época de seu avô Jacob Andréa, adornavam as armas de sua família. Robert Fludd, considerado como o primeiro rosacruz da Inglaterra, diz que o nome da  ordem está ligado a uma alusão ao sangue de Cristo, na cruz do Gol-gota; a mística idéia da rosa, associada à lembrança da cor do sangue e aos espinhos que provocam o seu derramamento, contribuiu, certamente, para dar à palavra, uma grande força de sedução. Além disso, muitos rosacruzes vêem, no emblema, um símbolo alquimista, concretizando uma ambigüidade muito comum aos símbolos.
Os rosacruzes atuais tem uma interpretação bem mais mística a respeito da cruz e a rosa. A cruz representaria o ser humano, a parte material, enquanto a rosa representaria o ser imaterial, a alma, espírito ou corpo astral.
A JUNÇÃO DOS SEXOS LEVA AO SEGREDO DA IMORTALIDADE
Como a preocupação máxima dos alquimistas que se ligaram à Ordem Rosacruz era o segredo da imortalidade e a regeneração universal, o símbolo rosacruciano está relacionado com essa preocupação. Em botânica oculta, a rosa era uma flor iniciática, para diversas ordens religiosas, sendo, que, atualmente, a arte sacra continua a considera-la como símbolo da paciência, do martírio, da Virgem (Rosa Mística); no quarto domingo da Quaresma, em todos os anos, o para benza a Rosa de Ouro, que é considerada como um dos muitos sacramentais oferecidos pela Igreja, em sua liturgia. Em última análise, a rosa representa a mulher, enquanto que a cruz simboliza o sexo masculino, pois para os hermetistas, ela é o símbolo da junçaão da eclíptica com o equador terrestre (eclíptica é a órbita aparente do Sol, ou a trajetória aparente que o Sol descreve, anualmente, no céu); ambos cruzam-se no equinócio da primavera e no equinócio de outono.
Assim, a Rosa simboliza a Terra, como ser feminino, e a Cruz simboliza a virilidade do Sol, com toda a sua força criadora que fecunda a Terra. A junção dos sexos leva à perpetuação da vida e ao segredo da imortalidade, resultando, também, dela, a regeneração universal, que é o ponto mais alto da doutrina rosacruciana.
A ALQUIMIA EVIDENCIA UMA LIGAÇÃO ENTRE AS DUAS ORDENS
Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assesemlhava-se à dos franco-maçons. Como a Ordem Rosacruz estava impregnada pelos alquimistas, como já vimos, Dara daí a ligação do rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e coregente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosacruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que muitos rosacruzes procurassem as lojas.
Ambas as Ordens são medievais,se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de “Especulativa”).Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, a maçonaria é mais antiga. Isso, é claro, levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticos e não as “lendas”, que fazem remontar a origem de ambas as instituições ao antigo Egito.
A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Já a Antiga e Mística Ordem Rosacruz dá ao estudante o livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosacruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim como a maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do ARTESÃO.
O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.
DA REGENERAÇÃO E IMORTALIDADE A REFORMADOR SOCIAL
A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e roscrucianismo, tendo, a instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosacruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito Moderno, ao 12º grau do Rito Adoniramita etc.
O Cavaleiro Rosa Cruz, é, como o próprio nome diz, um grau cavaleiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa op segredo da imortalidade, que nada mais é do que o escoterismo cristão, com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da Grande Obra.
A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosacruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante investigação da Verdade. O misticismo dos símbolos rosacruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.
AS INICIAÇÕES
Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, a admissão ao 1º grau de templo. As iniciações tem o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, leva-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.
O SIMBOLISMO
Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente.
Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosacruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.
O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosa Cruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim 3 velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor.
Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual.
O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo.
Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosa cruz tem caráter místico-filosófico.
Os iniciantes na Ordem Rosa Cruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem sua instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanos, enquanto que a Ordem Rosa Cruz (AMORC) lembra as construções egípcias.