sábado, 5 de abril de 2008

ENSINAMENTOS DE UM INICIADO II

Max Heindel


CAPÍTULO III
O QUE É TRABALHO ESPIRITUAL?

Sobre este ponto apresentaremos trechos de um maravilhoso poema de Longfellow, "A Lenda Formosa" (The Beautiful Legend).
"Sozinho em sua cela,
Ajoelhado no chão de pedra,
O monge rezava em profunda contrição
Por seus pecados de indecisão.
Rezava por maior renúncia
Na tentação e na provação;
O mostrador meio dia marcava
E o monge sozinho em sua cela estava".
"De repente, como num relâmpago,
Um desusado esplendor iluminou
Tudo dentro e fora dela,
E nessa estreita cela de pedra ficou;
E ele teve a Abençoada Visão
De Nosso Senhor, com a Luz do Eliseu
Como um manto envolvendo-O,
Como uma veste abrigando-O".
Contudo, este não era o Salvador sofrido, mas o Cristo que alimentava os famintos e curava os enfermos.
"Em atitude de prece,
As mãos sobre o peito cruzadas,
Reverente, adorando, assombrado,
O monge, perdido em êxtase, ficou ajoelhado".
"Depois, em meio à sua exaltação,
Bem alto e assustador o sino do convento,
Em seu campanário chamando, chamando,
Por pátios e corredores tangeu
Com persistência badalando,
Como nunca antes sucedeu".
Esse era o chamado para seu dever de alimentar os pobres, como Cristo o fizera, pois ele era o esmoler da Irmandade.
"Profunda angústia e hesitação
Misturava-se à sua adoração;
Deveria ir, ou deveria ficar?
Poderia os pobres esperando deixar
Famintos no portão,
Até que se desvanecesse a Visão?
Poderia ele seu brilhante hóspede desfeitear?
Seu visitante celestial desconsiderar
Por um grupo de esfarrapados, bestiais
Mendigos no portão do convento?
Será que a Visão esperaria?
Será que a Visão voltaria?
Então, uma voz dentro do seu peito
Audível e clara sussurrou,
E ele, externamente escutou:
"Cumpre teu dever; isso é o certo,
Deixa aos cuidados do Senhor o resto!"
"Imediatamente pôs-se de pé,
E com um ardente e decidido olhar
Dirigido à Abençoada Visão,
Lentamente deixou sua cela,
Lentamente foi cumprir sua missão".
"No portão, os pobres estavam esperando
Através do gradil de ferro olhando,
Com esse terror no olhar
Que só se vê naqueles
Que no meio de suas misérias e desgraças
Ouvem o som de portas a se fechar,
E de passos que deles correm;
Com o desdém familiarizados,
Com o sabor acostumados
Do pão pelo qual os homens morrem!
Mas hoje, sem o porque saber,
Como a porta do Paraíso
Parecia-lhes a porta do convento ser!
E como um divino Sacramento
Parecia-lhes o pão e o vinho do convento!
Em seu coração o Monge estava orando,
Nos pobres sem teto pensando,
O que sofrem e suportam,
O que não vemos, e o que vemos enfim.
E uma voz lá dentro dizia:
"O que quer que faças
Ao último e menor dos meus,
O fazes a Mim!"
"A Mim! Mas se tivesse a Visão
Vindo a ele em farrapos,
Como um mendigo implorando,
Ter-se-ia ajoelhado em adoração?
Ou teria ouvido com escárnio
E ter-se-ia afastado com aversão". .
"Assim questionou sua consciência,
Cheia de importuna insinuação,
Quando, por fim, com passos apressados
Em direção à sua cela sua face
Contemplou o convento iluminado
Por uma luz sobrenatural,
Como uma nuvem luminosa se expandindo
Sobre o chão, e pelas paredes e tetos subindo".
"Mas parou com uma sensação de pasmo.
Em sua porta, no limiar, A Visão ainda lá estava
Como antes dele a deixar,
Quando o sino do convento assustador,
De seu campanário a chamar, a chamar,
Intimou-o para os pobres alimentar.
Pela longa hora que mediou,
Esperando seu regresso ficou.
E sentiu seu coração inflamado
Compreendendo o significado,
Quando disse o Vulto Amado:
"Eu teria desaparecido, se tu tivesses ficado!"
Vou contar-lhes uma história:
Há muitos e muitos anos atrás - na verdade, há tanto tempo, quase um ontem longínquo - a Terra estava em trevas e o homem tentava em vão buscar a luz. Alguns a haviam encontrado e decidiram mostrar aos outros seu reflexo e, por isso, foram ansiosamente procurados. Entre estes, estava um que havia estado na cidade da luz por algum tempo e conseguiu absorver um pouco do seu brilho. Imediatamente homens e mulheres, vindos do país da escuridão, foram procurá-lo. Andaram milhares de milhas por terem ouvido falar dessa luz; e quando ele soube que um grande grupo se dirigia para a sua casa, começou a trabalhar e preparou-se para dar-lhes o melhor que pudesse. Fincou estacas ao redor de sua casa e colocou luzes sobre elas para que os visitantes não se machucassem na escuridão. Ele e seus familiares proveram as suas necessidades e ele ensinou-lhes o melhor que sabia.
Entretanto, alguns visitantes começaram a murmurar. Esperavam encontrá-lo num pedestal radiante de luz celestial. Imaginavam-se venerando seu santuário; mas, em vez da luz espiritual que esperavam, apanharam-no no momento em que estendia fios com lâmpadas elétricas para iluminar o local. Nem mesmo usava um turbante ou um manto, porque a ordem à qual pertencia, tinha como uma de suas regras fundamentais que seus membros deveriam usar as vestes do país onde vivessem.
Então, os visitantes chegaram à conclusão de que haviam sido enganados, logrados, e que ele não tinha nenhuma luz. A seguir, eles o apedrejaram e também aos seus familiares; tê-lo-iam matado se não fosse por medo da lei que imperava nessa região e que requeria olho por olho, dente por dente. Voltaram, então, para o país das trevas, e sempre que viam uma alma dirigindo-se para a luz, levantavam os braços e aconselhavam: "Não vás para lá; essa não é a luz verdadeira, é como uma lanterna de bruxa que vai levar-te para o mau caminho. Sabemos que não há espiritualidade naquilo". Muitos acreditaram neles e repetia-se nessa ocasião o que foi dito muito tempo antes, e que estava escrito num dos velhos livros: "É esta a condenação: que a luz tenha vindo ao mundo, mas que os homens tenham preferido as trevas à luz".
Como era nesse ontem distante, assim é ainda hoje. Os homens correm de cá para lá procurando a luz. Muitas vezes, como Sir Launfal, viajam para os confins da Terra desperdiçando toda sua vida à procura de uma coisa que chamam "Espiritualidade", mas só encontram desapontamentos atrás de desapontamentos. Sir Launfal passou toda sua vida em vã busca, longe do seu lar, e finalmente encontrou o Santo Graal exatamente às portas do seu próprio castelo. Portanto, qualquer um que honestamente esteja em busca da espiritualidade, com certeza deverá encontrá-la em seu próprio coração. O único perigo é que, como o grupo de viajantes mencionado, ele possa perdê-la por não saber reconhecê-la. Ninguém poderá reconhecer a verdadeira espiritualidade nos outros, enquanto não a tiver desenvolvido em si mesmo.
Portanto, será interessante tentar estabelecer definitivamente: "O que é Espiritualidade?" para termos uma indicação pela qual possamos identificar esta grande característica de Cristo. Para conseguí-lo, devemos abandonar nossas idéias preconcebidas ou do contrário falharemos. A idéia mais comumente aceita é que a espiritualidade se manifesta pela prece e pela meditação; mas, se observarmos a vida de nosso Salvador, veremos que não foi uma vida ociosa. Ele não foi um recluso, Ele não Se afastou nem Se escondeu do mundo. Ele andava entre as pessoas, Ele proveu-lhes as necessidades diárias; Ele alimentou-as quando foi necessário; Ele curou-as quando teve a oportunidade e também as ensinou. Portanto, Ele era, no verdadeiro sentido da palavra, um SERVIDOR DA HUMANIDADE.
O monge da "Lenda Formosa" viu-O quando estava em oração, enlevado em êxtase espiritual. Mas, nesse exato momento, o sino do convento soou as doze badaladas e era seu dever ir e imitar o Cristo, alimentar os pobres reunidos à porta do convento. Na verdade, a tentação de ficar foi muito grande, pois queria banhar-se nas vibrações celestiais; mas, então, ouviu a voz: "Cumpre teu dever, isso é o certo; deixa aos cuidados do Senhor o resto". Como poderia ter ficado adorando o Salvador a quem vira alimentando os pobres, curando os enfermos e, ao mesmo tempo, deixar os pobres famintos fora das portas do convento esperando que ele cumprisse seu dever? Na verdade teria sido injusto se tivesse ficado lá; assim, quando voltou, a Visão lhe disse: "Eu teria desaparecido, se tu tivesses ficado".
Tal auto-indulgência teria sido inteiramente contrária ao propósito em vista. Se não tivesse cumprido fielmente os pequenos encargos, próprios da vida terrena, como esperar que fosse fiel na grande obra espiritual? Naturalmente, se não tivesse sido capaz de resistir à prova, não teria recebido maiores poderes.
Há pessoas que buscam poderes espirituais passando de um centro de ocultismo para outro. Há as que entram para conventos e outros lugares de reclusão na esperança de desenvolver sua natureza espiritual, fugindo do apelo e fascinação do mundo. Aquecem-se ao sol da oração e da meditação, desde o amanhecer até o anoitecer, enquanto o mundo geme em agonia. Depois se espantam por não progredirem; não entendem porque não avançam no caminho de sua aspiração. Preces sinceras e meditação são necessárias, absolutamente essenciais para a elevação da alma. No entanto, estamos destinados a fracassar se, para a elevação da alma, dependermos de orações que não são mais que palavras. Para obter resultados devemos viver de tal maneira que toda nossa vida seja uma aspiração. Como disse Emerson:
"Embora teus joelhos nunca se dobrem,
De hora em hora ao céu tuas preces sobem,
E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,
Ainda assim são respondidas e gravadas".
Não são as palavras que pronunciamos ao rezar que contam, mas sim a vida que conduz à prece.
Qual a vantagem de orar pela paz na Terra aos domingos, quando durante o resto da semana fabricamos armas? Como podemos pedir a Deus que perdoe nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, quando temos nossos corações cheios de ódio?
Há apenas um modo de mostrar nossa fé, e isto é realizado por nossas obras. Não importa qual seja a nossa situação na vida, se estamos numa escala social alta ou baixa, se somos ricos ou pobres, se estamos ocupados em colocar lâmpadas elétricas para evitar que nossos companheiros sofram uma queda física, ou se temos o privilégio de estar numa tribuna apontando aos outros uma luz espiritual, ensinando os caminhos da alma. Não é importante que nossas mãos estejam encardidas pelo trabalho mais humilde, talvez cavando um esgoto para conservar a saúde da nossa comunidade, ou macias e brancas para tratar de doentes.
O fator determinante que decide se qualquer tipo de trabalho é espiritual ou material, é nossa atitude ao executá-lo. O homem que coloca as lâmpadas elétricas pode ser muito mais espiritual do que aquele que se apresenta na tribuna, pois, que tristeza, há muitos que exercem essa sagrada missão com o desejo de deliciar os ouvidos de sua congregação com bela oratória, em vez de prodigar-lhes verdadeiro amor e solidariedade. É um trabalho muito mais nobre limpar um esgoto entupido, como o fez o irmão desprezado no livro "O Servo da Casa" (The Servant in the House), de Kennedy, do que viver falsamente com as honrarias do cargo de mestre, subentendendo uma espiritualidade que na realidade não existe. Qualquer um que tente desenvolver essa qualidade rara de espiritualidade, deve começar oferecendo todo o seu trabalho para a glória de Deus. Quando fazemos, seja o que for, como se a fizéssemos ao Pai, não importa a espécie de trabalho que desenvolvemos. Cavando um esgoto, inventando um mecanismo que poupe trabalho, pregando um sermão, ou desempenhando qualquer outro serviço, tudo é uma obra espiritual quando é feita por amora Deus e ao homem.


CAPÍTULO IV
O CAMINHO DA SABEDORIA

Já faz muitos anos que os ensinamentos dos Irmãos Maiores foram publicados pela primeira vez no "Conceito Rosacruz do Cosmos" e, desde então, nossa literatura ampliou-se bastante. Parece-nos oportuno fazer um levantamento do nosso trabalho para avaliar o que fizemos com os talentos confiados a nós.
Em primeiro lugar, devemos asseverar que a razão de estarmos na Fraternidade Rosacruz é porque, numa determinada época, já não estávamos satisfeitos com as explicações sobre os problemas da vida que recebemos em outros lugares. Todos procuram uma luz sobre o enigma, e há alguns dentre nós que, como o homem de que fala a Bíblia, vendo uma pérola de grande valor vendem tudo o que possuem e compram a pérola, que simboliza o conhecimento do Reino do Céu. Em outras palavras, alguns dentre nós estão tão ansiosos por encontrar a luz e ficam tão contentes quando a encontram, que dão a esse trabalho toda sua vida, seus pensamentos e sua energia. Compromissos assumidos anteriormente impossibilitam a maioria de gozar deste grande privilégio. No entanto, cada um de nós, se recebemos ajuda, somos obrigados pela lei da compensação a dar algo em troca, pois, intercâmbio e circulação estão em toda parte em relação direta com a vida, como a estagnação está com a morte.
Estamos conscientes que não é possível ingerir alimento físico e reter o que comemos, e também sabemos que, a menos que a eliminação mantenha o equilíbrio, logo virá a morte. Da mesma maneira, não podemos impunemente nos fartar com uma alimentação mental. Devemos compartilhar nosso tesouro com os outros e empregar nossos conhecimentos nas obras do mundo, ou correr o risco de estagnação no pântano da especulação metafísica.
Nos anos que se seguiram desde a publicação do "Conceito Rosacruz do Cosmos", os estudantes têm tido bastante tempo para conhecer e praticar esses ensinamentos. Não mais poderão se desculpar dizendo que não conhecem a filosofia por não disporem de tempo de estudá-la e, em conseqüência, não poderem explicá-la aos outros. Mesmo aqueles que têm pouco tempo disponível para estudar, devido aos deveres que desempenham no mundo, deveriam estar agora suficientemente posicionados. "para dar um sentido à sua fé", como Paulo nos exortou a fazê-lo. Mesmo que não consigamos mostrar a luz a todos que a pedem, devemos tentar fazê-lo a nós mesmos, aos Irmãos Maiores e à humanidade. O desenvolvimento de nossa própria alma depende da participação que possamos dar ao movimento ao qual estamos ligados. Portanto, é conveniente que compreendamos detalhadamente qual a missão da Fraternidade Rosacruz.
Isto está inteira e claramente elucidado no capítulo de introdução do "Conceito". Resumindo, a missão é dar uma explicação sobre o problema da vida que irá satisfazer tanto a mente como o coração. Isso deverá resolver a confusão de duas classes de pessoas que estão tateando nas trevas pela carência deste conhecimento unificador, e que podem ser grandemente elucidadas sobre os objetivos de nossos debates: os eclesiásticos e os cientistas. Referindo-nos aos primeiros, designamos todos os que são guiados por uma sincera devoção ou bondade natural, pertençam ou não a alguma igreja. Quanto aos segundos, incluimos os que encaram a vida de um ponto de vista puramente mental, sejam classificados como cientistas ou não. É propósito e objetivo do "Conceito Rosacruz do Cosmos" ampliar o campo de ação espiritual de um número sempre crescente dessas duas classes que pressentem, com maior ou menor clareza, a falta de algo de importância vital em sua visão da existência.
Devemos lembrar que quando Daví desejou construir um templo a Deus, foi-lhe negado o privilégio porque ele havia sido um guerreiro. Atualmente há organizações que estão sempre combatendo outras organizações, sempre encontrando erros e esforçando-se por destruí-Ias, guerreando tanto quanto Daví o fez outrora. Com essa mentalidade, elas não têm permissão de construir o templo que é feito de pedras vivas de homens e mulheres, esse templo ao qual o personagem Manson se refere com tão belas palavras no livro "O Servo da Casa" (The Servant inthe House). Portanto, quando tentamos divulgar as verdades dos Ensinamentos Rosacruzes, devemos sempre ter em mente que não podemos impunemente depreciar a religião de quaisquer outros nem antagonizá-los. Não é nossa missão lutar contra seus erros, que se manifestarão no devido tempo.
Estão lembrados de que quando Daví morreu e Salomão reinou em seu lugar, este teve uma visão de Deus em sonho e pediu sabedoria? Foi-lhe dada a oportunidade de pedir o que quisesse, e ele pediu sabedoria para guiar seu povo. Na verdade, foi esta a resposta que recebeu: "Porque em teu coração pediste sabedoria, porque não pediste riquezas ou vida longa ou vitória sobre os teus inimigos ou qualquer coisa semelhante, mas pediste sabedoria, ser-te-á concedida essa sabedoria e muito mais do que isso". Portanto, será bom que nos dediquemos a orar sinceramente por sabedoria. Para que possamos reconhecê-la, convém comentar o que ela é verdadeiramente.
Diz-se, e é verdade, que saber é poder. Saber, embora em si mesmo não seja nem o bem nem o mal, .pode ser usado tanto para um como para o outro fim. O gênio apenas mostra a propensão para o saber, mas o gênio pode também ser bom ou mau. Falamos de um gênio militar, um que tenha maravilhoso conhecimento de táticas de guerra. Tal homem, porém, não pode ser verdadeiramente bom, pois está destinado a ser impiedoso e destrutivo ao manifestar sua genialidade.
Um guerreiro, seja ele um Napoleão ou um simples soldado, nunca poderá ser sábio, porque deliberadamente deve esmagar todos os bons sentimentos, dos quais tomamos o coração como um símbolo. Por outro lado, um GOVERNADOR SÁBIO TEM UM GRANDE CORAÇÃO, assim como tem uma inteligência superior, para que um equilibre o outro, promovendo o desenvolvimento de seu povo. Mesmo o mais profundo conhecimento sobre assuntos religiosos ou ocultos não é sabedoria, como nos ensina Paulo no seu magnífico 13o capítulo da primeira Epístola aos Coríntios: "Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, nada serei". Somente quando o conhecimento se mesclar com o amor é que realmente se converterá em sabedoria, a expressão do princípio de Cristo, a segunda fase da Divindade.
Deveríamos ser muito cuidadosos em diferenciar corretamente esse ponto. Podemos discernir entre o que é vantajoso para alcançar um determinado objetivo e o que o retarda. Podemos optar por sofrimentos presentes visando futuras realizações, mas mesmo nisto não expressamos necessariamente sabedoria. Conhecimento, prudência, discrição e discernimento são próprios da mente; todos, por si só, são tentações do mal, das quais Cristo na oração do Senhor nos ensinou a pedir: "Livrai-nos do mal". Somente quando essas faculdades inatas da mente são temperadas com a qualidade inata do coração, o amor, essa mescla converte-se em sabedoria. Se lermos o capítulo 13o da primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, substituindo a palavra sabedoria pela palavra caridade ou amor, entenderemos o que é esta grande qualidade e a desejaremos ardentemente.
Portanto, é missão da Fraternidade Rosacruz divulgar uma doutrina que una o intelecto ao coração. Esta é a única verdadeira sabedoria, pois nenhum ensinamento a que falte qualquer destes componentes pode ser chamado sábio, do mesmo modo que não podemos fazer soar um acorde musical com apenas uma corda. Assim como a natureza humana é complexa, assim também os ensinamentos que vão ajudar alimpar, purificar e elevar esta mesma natureza devem ter aspectos múltiplos. Cristo seguiu este princípio quando nos deu aquela prece magnífica que, em suas sete estrofes, atinge a nota-chave de cada um dos sete veículos do homem e os agrupa nesse magistral acorde de perfeição que chamamos Oração do Senhor (Pai Nosso).
Mas como transmitiremos ao mundo esta maravilhosa doutrina que recebemos de nossos Irmãos Maiores? A resposta a esta pergunta é: agora e sempre vivendo a vida. Diz-se, para o eterno mérito de Maomé, que sua esposa foi sua primeira discípula, e com toda certeza não foram apenas seus ensinamentos, mas a vida que vivia no lar, dia a dia, ano após ano, que conquistou a confiança de sua companheira, de tal modo que ela não hesitou em depositar rias suas mãos seu destino espiritual. É relativamente fácil permanecer diante de estranhos que desconhecem nossas mazelas e para quem nossos defeitos não são visíveis, e pregar por uma ou duas horas cada semana. Mas é muito diferente pregar vinte e quatro horas por dia dentro do lar, como Maomé deve ter feito vivendo a vida. Se tivéssemos o sucesso em nossa divulgação que ele obteve na sua, deveríamos, cada um de nós, principiar pelo exemplo em casa; começar demonstrando aos que vivem conosco que os ensinamentos que nos guiam são realmente de sabedoria. Diz-se que a caridade começa em casa. Esta é a palavra que deveria ser traduzida por "amor" no 13o capítulo da primeira Epístola aos Coríntios. Mude isto também para sabedoria e leia: A divulgação da sabedoria começa em casa. Que seja este o nosso lema através dos anos. Vivendo a vida em nosso lar, promoveremos melhor a causa do que por qualquer outro modo. Muitas pessoas céticas se converteram à Fraternidade Rosacruz através da conduta de seus maridos, esposas ou familiares. Possam os demais segui-los.
CAPÍTULO V
O SEGREDO DO SUCESSO

Este é um assunto que deve interessar a todos, pois com certeza todos almejam o sucesso. Mas a questão é: o que constitui o sucesso? Talvez cada indivíduo tenha uma resposta diferente para esta pergunta. Mas, se pensarmos um pouco, será evidente que seja qual for o caminho que sigamos em nosso desejo de alcançar o sucesso, esse caminho deve seguir os rumos da evolução da humanidade. Portanto, deve haver uma resposta comum sobre o que constitui o sucesso e qual o seu segredo. Contudo, seria um erro tentar achar a solução deste problema apenas estudando a vida do homem na época presente. Considerando cuidadosamente o que ele foi no passado, e ficando atentos também ao futuro desenvolvimento da humanidade, temos a única maneira de obter a perspectiva necessária para chegar à perfeita resposta para esta questão importante.
Não precisamos entrar em grandes detalhes. Podemos mencionar que, nas épocas anteriores da nossa evolução, quando o homem em formação surgia de um mundo espiritual para sua presente existência material, o segredo do sucesso estava no conhecimento do mundo físico e nas suas condições. Nesse tempo não havia necessidade de falar aos homens sobre o mundo espiritual e sobre nossos veículos mais sutis, pois estes fatos eram patentes para todos. Nós víamos e vivíamos num reino espiritual. Nesse tempo estávamos entrando no mundo físico, portanto, as escolas de Iniciação ensinavam aos pioneiros da humanidade as leis que governam o mundo físico, e os iniciaram nas artes e engenhos com os quais poderiam conquistar o reino material. Desde essa época até uma data comparativamente recente, a humanidade vem trabalhando para aperfeiçoar-se nesses ramos de conhecimento, que atingiram sua mais alta expressão nos séculos imediatamente anteriores à descoberta do vapor. Estão agora em decadência.
A primeira vista, esta parece ser uma afirmação injustificada, mas um exame mais cuidadoso dos fatos irá rapidamente revelar a verdade nela contida. Na chamada Idade Média não, havia fábricas, mas todas as cidades e aldeias possuíam pequenas oficinas onde o dono, às vezes só ou com artesãos e aprendizes, executava as obras do seu ramo, desde a matéria prima até o produto final, desempenhando sua arte e espírito criativo com toda a alma e coração em cada peça que saía de suas mãos. Se fosse ferreiro, sabia como produzir trabalhos ornamentais em ferro para tabuletas, portões e outras peças que iriam constituir as originais belezas dessas cidades e aldeias medievais. Sua obra também não seria olvidada; ao andar pela cidade podia ver este ou aquele ornamento e orgulhar-se de sua beleza; orgulhar-se também por saber que havia conquistado o respeito e admiração de seus concidadãos por seu trabalho artístico e consciencioso. O marceneiro que preparava a estrutura das cadeiras, também as estofava com trabalhos de tapeçaria, cujos desenhos artísticos tentamos agora imitar. O sapateiro, o tecelão e todos os outros artífices, sem exceção, produziam o artigo final desde a matéria prima, e todos se orgulhavam de sua obra. Trabalhavam arduamente por muitas horas, mas não se queixavam, pois todos gratificavam-se ao exercitar sua criatividade. O canto do ferreiro, acompanhado pelo martelo na bigorna, era ouvido por todos e os oficiais e aprendizes não se consideravam escravos mas mestres em formação.
Depois veio a época do vapor e da máquina e, com ela, um novo tipo de mão-de-obra. Em lugar da produção de um objeto que era confeccionado por uma só pessoa, desde a matéria prima, o que gratificava seu talento criativo, o novo plano preparava os homens para cuidarem das máquinas que apenas faziam parte dos produtos finais. Depois, essas partes eram montadas por outros. Embora este plano diminuísse o custo da produção e aumentasse o rendimento, não deixava campo para o instinto criativo de um homem. Ele se transformou meramente em um dente da engrenagem de uma grande máquina. Na loja medieval, o dinheiro era, na verdade, pouco considerado; o prazer de produzir era tudo; o tempo não importava. Mas sob o novo sistema, o homem começou a trabalhar por dinheiro e contra o tempo, daí resultando que as almas dos mestres, assim como as dos homens ficaram insaciáveis. Perderam o essencial e conservaram apenas a sobra daquilo que torna a vida digna de ser vivida, pois estão trabalhando por algo que não poderão usar nem desfrutar. Isto se aplica tanto ao mestre como aos homens.
Que diríamos de um jovem que se propusesse a acumular um milhão de lenços que nunca poderia usar? Com certeza o consideraríamos um tolo; e por que não colocarmos na mesma categoria o homem que gasta todas as suas energias e se priva de todos os confortos da vida para tornar-se um milionário? Este sistema não pode continuar, pois ele está dando ao homem uma pedra quando este pede pão, e deve estar reservando outro tipo de desenvolvimento para ele. Novos critérios devem estar sendo processados, novos ideais devem estar surgindo para ampliar nossa visão. Sobre a tendência da evolução devemos observar os que dentre nós são melhor dotados e inspirados, como os poetas e videntes. James Russell Lowell emite talvez a nota mais clara em sua Visão de Sir Launfal. Um cavaleiro deixando seu castelo, imbuído do desejo de realizar grandes e corajosos feitos para Deus, vai juntar-se aos Cruzados e procurar o Santo Graal na distante Palestina. Deixa seu castelo satisfeito consigo mesmo, orgulhoso, arrogante, voltado para sua missão. No portão do palácio encontra um pobre mendigo, um leproso, que estende a mão pedindo uma esmola. Sir Launfal não tem compaixão, mas, para ver-se livre daquela coisa repugnante, atira uma moeda de ouro e procura esquecê-lo.
Mas o leproso não ergueu o ouro do pó e disse:
"Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,
e melhor sua mão que me abençoará,
ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.
As esmolas que só com as mãos são ofertadas,
não são as verdadeiras.
Inúteis são o ouro e as riquezas dadas
apenas como um dever a cumprir.
A mão, porém, não consegue a esmola abarcar,
quando vem daquele que reparte o pouco que tem,
que dá o que não é possível visualizar.
- esse fio de beleza que tudo sabe unir,
que tudo sustenta, penetra e mantém -
O coração ansioso estende a mão
quando Deus acompanha a doação,
alimentando a alma faminta,
que sucumbia só na escuridão".
Mas, e Sir Launfal? Com esse modo de pensar poderia esperar alcançar sucesso e encontrar o Graal? É claro que não. Só encontra decepção sobre decepção e, por fim, retorna a seu castelo, desalentado e com o coração humilde. Aqui, depara-se novamente com o leproso, mas, ao vê-lo,
"Seu coração era só cinza e pó.
Ele partiu em duas, sua única côdea de pão,
ele quebrou o gelo da beira do córrego
e ao leproso deu de comer e beber pela mão".
Tendo cumprido seu ato de misericórdia, recebeu a recompensa:
"Não mais o leproso ao seu lado se curvava Mas, à frente dele, glorioso se levantava".
E a voz, ainda mais doce que o silêncio, disse:
"Vê, Sou Eu, não temas!
Na busca do Santo Graal, em muitos lugares
Gastaste tua vida, sem nada lucrares.
Olha! Ei-lo aqui: o cálice que acabaste de encher
com a límpida água do regato que Me deste de beber.
Esta côdea de pão é Meu corpo
que foi para ti partido.
Esta água é Meu sangue
que na cruz por ti foi vertido.
A Santa ceia é mantida, na verdade,
Por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade.
Pois a dádiva só tem valor
quando com ela vem o doador
e a três pessoas ela alimenta assim:
ao faminto, a si própria e a Mim".
Nestas palavras está o segredo do sucesso, que consiste em fazer as pequenas coisas, talvez algumas aparentemente desagradáveis que estão próximas de nossas mãos, em lugar de ir longe à procura de fantasmas quiméricos que nunca se transformarão em algo definido e tangível.
Que representa para nós o que foi relatado anteriormente? Ainda uma vez podemos obter a resposta de um poeta, Oliver Wendell Holmes, que nos fala do pequeno náutilo. Primeiro ele constrói uma concha, suficientemente grande para abrigá-lo. À medida que vai crescendo, constrói outro compartimento maior que passa a ocupar até o período seguinte do crescimento, e assim por diante até construir uma concha em espiral, tão grande quanto possa, e depois a abandona. Esta idéia ele a transmite nas seguintes estrofes:
"Oh, Minh'alma! Constrói para ti mansões mais majestosas,
enquanto as estações passam ligeiramente!
Abandona o teu invólucro finalmente;
Deixa cada novo templo, mais nobre que o anterior,
com cúpula celeste, com domo bem maior,
e que te libertes, decidida
largando tua concha superada nos agitados mares desta vida!"
Quando atingirmos este ponto, teremos alcançado o sucesso - todo o sucesso que podemos conquistar em nosso mundo atual - e estaremos entrando numa nova esfera de melhores oportunidades.

ENSINAMENTOS DE UM INICIADO



MAX HEINDEL


CAPÍTULO I
OS DIAS DE NOÉ E DE CRISTO

NICODEMUS ao ouvir Cristo falar-lhe sobre a necessidade do renascimento, perguntou: "Como pode ser isso?" Com nossas mentes inquiridoras, nós também ansiamos por mais luz sobre os vários ensinamentos referentes ao nosso futuro. Ajudaria muito se pudéssemos sentir que esses ensinamentos se enquadram em fatos físicos que conhecemos. Então, teríamos uma base mais firme para nossa fé sobre outras coisas que ainda não experimentamos.
Tem sido trabalho do autor investigar fatos espirituais e correlacioná-los com fatos físicos, de tal modo que, através da razão, venham despertar a fé. Desta maneira, tem sido sua prerrogativa esclarecer as almas ansiosas sobre os mistérios da vida. Recentemente realizou-se uma nova descoberta que parece ter uma relação com a vinda de Cristo, embora um tanto remota quanto o leste está para o oeste, mas lança uma luz considerável sobre esse evento, principalmente sobre o nosso encontro com o Senhor que, como diz a Bíblia, será "num piscar de olhos". Nossos estudantes sabem muito bem como é desagradável para o autor relatar experiências pessoais mas, algumas vezes, como no caso presente, parece necessário e pedimos desculpas por usar um pronome pessoal ao relatar o incidente.
Numa noite, há algum tempo atrás, ao transportar-me para um lugar numa terra distante onde devia desempenhar uma missão, ouvi um grito. Embora a voz humana só possa ser ouvida através do ar, há sons que são perceptíveis no reino espiritual à distâncias que excedem as percorridas pelas mensagens do telégrafo sem fio. Contudo, o grito vinha de perto e eu estava no local no mesmo instante, mas não tão depressa para poder oferecer o socorro necessário. Vi um homem deslizando por um aterro inclinado, sem vegetação, com mais ou menos quatro metros de largura e, como ficou provado em exame subseqüente, sem nenhuma fresta em que pudesse firmar os dedos. Para tê-lo salvo, seria necessário materializar os braços e ombros, mas não havia tempo. Num instante, ele já havia deslizado pelo desfiladeiro e estava caindo no precipício, provavelmente a algumas centenas de metros, embora não possa ter certeza pois não sei calcular distâncias.
Impelido por um natural espírito de ajuda ao próximo, aproximei-me e então observei o fenômeno que é a base deste artigo, ou seja, quando o corpo atingiu uma velocidade considerável, os éteres do corpo vital começaram a fluir para fora. Quando o corpo se chocou contra as pedras lá embaixo, tornando-se uma massa esfacelada, havia pouco ou nenhum éter interpenetrando-o. Contudo, gradativamente, os éteres agruparam-se, tomaram forma, e pairaram com os veículos mais sutis sobre o corpo espedaçado. Mas o homem estava em estado letárgico e incapaz de sentir ou compreender as mudanças em suas condições.
Quando percebi que ele estava além de qualquer ajuda, retirei-me. Mas, pensando no caso, comecei a sentir que algo de extraordinário havia acontecido e que era meu dever procurar saber se os éteres fluíam dessa maneira em todos os que despencavam e, se assim fosse, por quê. Sob condições anteriores, isso teria sido mais difícil, mas o advento das máquinas voadoras faz muitas vítimas, principalmente nestes infelizes tempos de guerra. Portanto, era fácil averiguar que se um corpo em processo de queda atinge uma certa velocidade, os éteres superiores deixam o corpo denso e o homem que está caindo permanece insensível. Quando o corpo atinge o solo, fica estraçalhado, mas a pessoa pode voltar a ficar consciente quando o éter se reorganizar. Então, começará a sofrer as conseqüências físicas da queda. Se a queda continuar depois que os éteres superiores saíram, o aumento da velocidade desaloja os éteres inferiores e o Cordão Prateado é só o que permanece unido ao corpo. Este é rompido no momento do impacto com o solo, e o átomo-semente transfere-se para o ponto de ruptura, onde fica preso da maneira usual.
Por esses fatos, chegamos à conclusão que é a pressão normal do ar que retém o corpo vital dentro do corpo denso. Quando nos movemos com uma velocidade anormal, a pressão é removida de algumas partes do corpo e um vácuo parcial é formado e, por esse motivo, os éteres deixam o corpo e fluem para dentro desse vácuo. Os dois éteres superiores, unidos mais frouxamente, são os primeiros a sair e deixam a pessoa inconsciente após lhe apresentarem, num rápido instante, o panorama da sua vida. Depois, se a queda continuar a aumentar a pressão do ar na frente do corpo e o vácuo atrás, os éteres inferiores mais firmemente aderidos expelem-se também e o corpo estará morto antes de chegar ao solo.
Examinando uma série de pessoas em estado normal de saúde, verificou-se que cada um dos átomos prismáticos que compõem os éteres inferiores, irradiam de si mesmos as linhas de força que fazem voltear os átomos físicos em que estão inseridos, provendo todo o corpo com vida. A direção de todas estas unidades de força está para além da periferia do corpo, onde constituem o que se convencionou chamar "Fluido Ódico", também designado por outros nomes. Quando a pressão do ar exterior é reduzida por estar a uma grande altitude, manifesta-se uma tendência para o nervosismo, porque a força etérica interna tende a sair desordenadamente. Se o homem não fosse capaz de impedir a entrada da emanação de energia solar, em parte por grande força de vontade em sobrepujar a dificuldade, ninguém poderia viver em tais lugares.
Já tínhamos ouvido falar do "choque por explosão" e sabíamos de várias pessoas que, mesmo sem o menor ferimento, foram encontradas mortas nos campos de batalha. Na verdade, tínhamos visto e falado com pessoas que haviam morrido assim, mas que estavam perplexas querendo saber por que morreram. Todos negavam ter sentido medo, e foram unânimes em afirmar que, de repente, ficaram inconscientes e logo em seguida encontraram-se na condição atual. Ao contrário de seus companheiros, não tinham sequer um arranhão em seus corpos. Nossa idéia preconcebida de que deveria ter havido um instante de medo que, embora incompreendido naquele momento, causou essas mortes, evitou uma investigação mais completa. Mas os resultados averiguados sobre as conseqüências de uma queda, levam-nos a acreditar que algo semelhante deva acontecer em relação a isso, e esta suposição provou ser acertada.
Quando um grande projétil cruza o ar, cria um vácuo atrás de si pela enorme velocidade com que se move. E se uma pessoa estiver nessa área de vácuo quando da passagem da cápsula, sofrerá numa medida determinada por sua própria natureza e por sua proximidade do centro de sucção. Sua posição é, na realidade, uma réplica inversa do homem que cai; pois ele fica parado enquanto que um corpo em movimento remove a pressão do ar e permite a saída dos éteres. Se á quantidade de éter deslocado for comparativamente pequena e composta apenas do terceiro e quarto éteres, que governam o sentido da percepção e da memória, ele provavelmente sofrerá apenas uma perda de memória temporária e incapacidade de sentir as coisas ou de se mover. Essa incapacidade desaparecerá quando os éteres extraídos forem novamente alojados dentro do corpo denso, uma tarefa muito mais difícil do que quando o corpo denso sucumbe e se reorganiza sem a participação desse veículo.
Se as pessoas assim atingidas soubessem como efetuar os exercícios que separam os éteres superiores e os inferiores, ter-se-iam encontrado fora do corpo em plena consciência e talvez prontos para o primeiro vôo de sua alma, se tivessem coragem de executá-lo. Não importa como, mas podemos dizer com segurança que, no seu retorno ao corpo denso, teriam sentido pouco ou nenhum incômodo, e se o vácuo fosse suficientemente intenso para conseguir desalojar todos os quatro éteres e causar a morte, provavelmente não haveria inconsciência como acontece com uma pessoa comum; pois foi constatado que as pessoas que disseram ter ficado inconscientes por apenas um instante, estavam erradas. Teria sido necessário um tempo variável de um a vários dias, nos casos que investigamos, para que o corpo vital se reorganizasse e a consciência fosse restabelecida.
Vejamos agora que relação existe entre esses fatos recentemente descobertos, o advento de Cristo e nosso encontro com Ele. Quando vivíamos na antiga Atlântida, nas bacias da Terra, a pressão da névoa carregada de umidade era muito grande. Isso enrijeceu o corpo denso, resultando que as vibrações da interpenetração dos veículos mais sutis ficaram consideravelmente retardadas. Esse fato está correto em relação ao corpo vital, que é formado de éter, matéria que pertence ao mundo físico e sujeita a algumas leis físicas. A força da vida solar não penetrava na névoa densa com tanta abundância como está presente na atmosfera clara de hoje. Acrescente-se a isto o fato de que os corpos vitais dessa época eram quase que inteiramente compostos dos dois éteres inferiores, o que favorecia a assimilação e a reprodução, e assim poderemos compreender que o progresso era muito lento. O homem levava uma existência principalmente vegetativa, e seus maiores esforços eram no sentido de obter alimento e reproduzir sua espécie.
Se tal homem fosse removido para nossas condições atmosféricas, a falta de pressão exterior teria resultado numa saída do corpo vital, o que significaria a morte. Gradativamente, o corpo físico tornou-se menos denso e a quantidade dos dois éteres superiores aumentou. Assim, o homem tornou-se apto a viver numa atmosfera límpida, sob uma pressão decrescida como a que temos desfrutado desde o acontecimento histórico conhecido como "O Dilúvio", quando a névoa se condensou.
Desde essa época, também temos sido capazes de especializar mais a força vital do Sol. A proporção maior dos dois éteres superiores, que agora existem em nosso corpo vital, permite-nos expressar os mais elevados atributos humanos e colaborar para o desenvolvimento desta era.
As vibrações do corpo vital, sob a presente condição atmosférica, capacitaram o espírito a construir o que chamamos civilização, que consiste em conquistas industriais e artísticas e normas de conduta morais e espirituais. A superioridade moral e industrial estão tão interligadas e tão interdependentes, como a conquista artística é dependente de uma concepção espiritual. As ocupações produtivas têm a finalidade de desenvolver o lado moral da natureza humana, a arte desabrocha o lado espiritual. Assim, estamos sendo preparados para o próximo passo de nosso desenvolvimento.
Recordemos que as qualificações necessárias para emanciparmo-nos das condições predominantes na Atlântida eram parcialmente fisiológicas; nós precisávamos desenvolver pulmões para respirar o ar puro no qual estamos agora imersos e que permite o corpo vital vibrar mais rapidamente do que o fazia na pesada umidade da Atlântida. Pensando nisso, podemos perfeitamente perceber que o futuro avanço consiste em livrar inteiramente o corpo vital dos entraves do corpo denso e deixá-lo vibrar ao ar puro.
Foi isto o que aconteceu na sublime altitude, esotéricamente conhecida como o "Monte da Transfiguração". Homens altamente desenvolvidos de várias épocas, Moisés, Elias e Jesus (ou antes, o corpo de Jesus que recebeu a alma de Cristo) apareceram nas vestes luminosas do corpo-alma liberado, que todos usarão na Nova Galiléia, o Reino de Cristo. "Carne e sangue não podem herdar o reino", pois isso iria interferir no progresso espiritual desse dia. Assim, quando Cristo aparecer, devemos estar preparados com um corpo-alma e prontos para abandonar nosso corpo denso para sermos "arrebatados e encontrá-Lo no ar".
O resultado da investigação, que é a base do presente artigo, pode fornecer um vislumbre do método de transição quando comparado com a informação bíblica. Diz-se que o Senhor aparecerá acompanhado de um som vibrante e poderoso. Lemos que haverá trovões e toques de trombetas relacionados com o evento. Um som é uma perturbação atmosférica, e como a passagem de um projétil construído pelo homem pode arrebatar os corpos vitais de soldados de seus corpos densos, não há necessidade de argumentos para provar que o grito de uma voz sobre-humana pode conseguir o mesmo resultado com maior eficácia - "num piscar de olhos".
"Quando acontecerão essas coisas?" perguntaram os discípulos. Disseram-lhes que como fora nos dias de Noé (quando estava para começar a Época Ária), assim deveria ser no Dia de Cristo. Eles comiam, bebiam, casavam e eram dados em casamento. Porém, alguns, que talvez não se diferenciassem tanto dos outros, haviam desenvolvido os tão importantes pulmões e, quando a atmosfera ficou clara, foram capazes de respirar o ar puro, enquanto os outros, que só possuíam as fendas das guelras, pereceram. No Dia de Cristo, quando Sua voz emitir o Chamado, aqueles que tiverem desenvolvido o corpo-alma serão capazes de elevar-se acima dos descartados corpos densos, enquanto outros serão como os soldados que morreram do "choque por explosão" nos campos de batalha.
Oxalá possamos estar preparados para esse dia, seguindo os Seus passos.

CAPÍTULO II
O SINAL DO MESTRE
Na época atual, há muitos que, julgando pelos sinais dos tempos, acreditam que Cristo está para retornar e esperam Sua vinda em alegre expectativa. Embora, na opinião do autor, as "coisas que antes devem acontecer" ainda não ocorreram em muitas particularidades importantes, não devemos esquecer que Ele preveniu que "assim como era no tempo de Noé, assim será no dia do Filho do Homem". Então, eles comiam, bebiam, divertiam-se, casavam e eram dados em casamento até o momento em que aconteceu o dilúvio que os tragou. Apenas um pequeno número se salvou. Portanto, nós que oramos pela Sua vinda, também devemos estar atentos e vigiar para que nossas preces não sejam atendidas antes de estarmos preparados, pois Ele disse: "O dia do Senhor virá como um ladrão na noite".
Mas ainda existe outro perigo, um enorme perigo que Ele salientou, isto é, "haverá falsos Cristos", e "eles enganarão até mesmo os próprios escolhidos, se isso for possível". Assim, ficamos prevenidos que se pessoas disserem: "Cristo está aqui na cidade ou lá no deserto", não devemos ir, ou certamente seremos enganados.
Mas, por outro lado, se não investigarmos, como O conheceremos? Não podemos correr o risco de rejeitar Cristo recusando-nos a ouvir os que julgam tê-Lo visto. Quando examinamos as exortações da Bíblia a esse respeito, ficamos confusos pois não nos esclarecem a questão e a pergunta permanece: "Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?" Publicamos um panfleto sobre o assunto, mas acreditamos que seria muito bem-vindo para todos um esclarecimento adicional.
Cristo disse que alguns dos falsos Cristos operariam sinais e maravilhas. Quando instado pelos escribas e fariseus a provar Sua divindade por esses meios, Ele sempre Se recusou, porque sabia que esses fenômenos apenas excitariam a impressão do maravilhoso e aguçariam a ânsia por muito mais. Os que presenciam essas manifestações são, às vezes, sinceros em seus esforços para convencer os outros e, em geral, conseguem fazê-lo, pois estes respondem prontamente: "Vocês afirmam ter visto alguém fazer maravilhas e por essa razão acreditaram. Muito bem! Nós também queremos ver e acreditar".
Mas, mesmo supondo que um Mestre acedesse a provar sua identidade, quem na multidão estaria qualificado para julgar a validade da prova? Ninguém! Quem reconhece o sinal do Mestre ao vê-lo? O sinal do Mestre não é um fenômeno que possa ser repudiado ou explicado pelos sofistas, nem é algo que o Mestre possa mostrar ou esconder a seu bel-prazer. É obrigado a carregá-lo sempre, assim como nós carregamos nossos membros. Seria absolutamente impossível esconder o sinal do Mestre aos qualificados para vê-lo, reconhecê-lo e julgá-lo, como seria impossível para nós esconder nossos membros de quem quer que tenha visão física. Por outro lado, como o sinal do Mestre é espiritual, deve ser percebido espiritualmente. Portanto, é impossível mostrar o sinal do Mestre aos que não possuem visão espiritual, como é impossível mostrar uma forma material a alguém fisicamente cego.
Assim lemos: "Uma geração corrompida e adúltera procura encontrar o sinal, mas o sinal não lhe será dado". Mais adiante, no mesmo capítulo (Mateus 16), vemos Cristo perguntando a Seus discípulos: "Quem dizem os homens que eu, o Filho do Homem, sou?" A resposta revela que embora os judeus vissem Nele um ente superior, fosse Moisés, Elias ou algum dos profetas, eram incapazes de reconhecer Sua verdadeira personalidade. Eles não podiam ver o sinal do Mestre, do contrário não teriam necessidade de outro testemunho.
Então, Cristo voltou-se para Seus discípulos e perguntou-lhes: "E vós, quem dizeis que Eu sou?" E de Pedro veio a resposta cheia de convicção, rápida e incisiva: "Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo". Ele havia visto o sinal do Mestre e sabia do que falava, independentemente de prodígios ou circunstâncias exteriores, como o próprio Cristo enfatizou ao dizer: "Bem aventurado és tu, Simão, Filho de Jonas, pois não foi a carne de sangue que te revelou, mas meu Pai que está no Céu". Em outras palavras, a compreensão dessa grande verdade era conseqüência de uma qualificação interior.
Que qualificação era essa, e ainda o é, compreendemos pelas palavras de Cristo que se seguiram: "Pois também te digo que és Pedro (Petros uma rocha) e sobre esta rocha (Petra) edificarei a minha Igreja".
Cristo disse ao referir-se à multidão de judeus materialistas: "Uma geração corrompida e adúltera tenta encontrar o sinal, mas o sinal não lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas". Também entre os cristãos materialistas de nossos tempos tem havido muita especulação nesse sentido. Alguns afirmaram que uma baleia comum havia engolido o profeta e mais tarde o depositou na praia. As igrejas dividem-se em relação a este tema, como em relação a muitos outros. Mas, ao consultarmos registros ocultos, encontramos uma interpretação que satisfaz o coração sem violentar a inteligência.
Essa grande alegoria, como muitos outros mitos, está retratada no filme do firmamento, pois ela foi representada no céu antes de ser encenada na Terra; e ainda podemos ver no céu estrelado "Jonas, a Pomba" e "Cetus, a Baleia". Mas não vamos nos preocupar tanto com a parte celestial, mas sim com sua função terrestre.
"Jonas" significa pomba, o bem conhecido símbolo do Espírito Santo. Durante os três "dias" que abrangem as revoluções de Saturno, do Sol e da Lua do Período Terrestre, e as "noites" entre eles, o Espírito Santo e todas as Hierarquias Criadoras trabalharam no Grande Abismo, aperfeiçoando as, partes internas da Terra e dos homens, removendo o peso morto da Lua. Então, a Terra emergiu de seu estágio aquático de desenvolvimento na metade da Época Atlante, e assim "Jonas, a Pomba Espiritual", realizou a salvação da maior parte da humanidade.
Nem a Terra nem seus habitantes eram capazes de manter seu equilíbrio no espaço, portanto, o Cristo Cósmico principiou a trabalhar com e em nós, finalmente descendo como uma pomba no batismo (não em forma de uma pomba, mas como uma pomba) sobre o homem Jesus. Assim como Jonas, a pomba do Espírito Santo, ficou três Dias e três Noites no Grande Peixe' (a terra submersa em água), assim também, no fim da nossa peregrinação evolucionária, possa outra pomba, o Cristo, entrar no coração da Terra para o advento dos três revolucionários Dias e Noites que nos darão o impulso necessário em nossa jornada de evolução. Ele deve ajudar-nos a eterizar a Terra na preparação para o Período de Júpiter.
Dessa forma, Jesus tornou-se no Seu batismo, "um Filho da Pomba", e foi reconhecido por outro, "Simão Bar-Jonas" (Simão, filho da pomba). Com este reconhecimento pelo sinal de uma pomba, o Mestre denomina o outro "uma rocha", a Pedra fundamental, e promete-lhe as "Chaves do Céu". Estas não são palavras vãs, nem promessas a esmo. São fases que envolvem o desenvolvimento da alma a que cada um deve ser submetido, se já não passou por elas.
O que é então o "sinal de Jonas" que Cristo ostentou em Si, visível para todos que pudessem ver, a não ser a "casa do céu", com a qual Paulo ansiava ser envolvido: a gloriosa casa de tesouros, dentro da qual todos os atos nobres de muitas vidas brilham e resplandecem como pérolas preciosas? Todos temos uma pequena "casa do céu". Jesus, santo e puro acima de tudo, provavelmente era uma visão esplêndida. Imaginem quão indescritivelmente resplandecente deve ter sido o veículo no qual Cristo desceu; teremos então alguma idéia da "cegueira" dos que pediam "um sinal". Mesmo entre Seus outros discípulos, Ele encontrou a mesma catarata espiritual. "Mostra-nos o Pai", disse Filipe, desatento sobre o misticismo da Trindade da Unidade, que deveria ter sido óbvio para ele. Simão, contudo, percebeu rapidamente, porque ele, por uma alquimia espiritual, tinha preparado esta pedra espiritual, ou "pedra" do filósofo, que lhe deu o direito de receber as "Chaves do Reino"; uma Iniciação que torna utilizáveis os poderes latentes do candidato evoluído pelo serviço.
Chegamos à conclusão que estas "pedras" para o "templo feito sem mãos" sofrem uma evolução ou processo de preparação. Antes é "petros", o diamante bruto, por assim dizer, encontrado na natureza. Quando lidas com o coração, tais passagens como: 1Q Cor., 10:4: "E todos beberam da mesma bebida espiritual; pois beberam da Rocha espiritual (Petros) que os acompanhava, e essa Rocha era Cristo", são reveladoras sobre este ponto. Gradativamente, ficamos impregnados com a água da vida que jorrou da grande Rocha. Também ficamos polidos como as "lithoi zontes" (pedras vivas) destinadas a se juntarem àquela Grande Pedra que o Construtor rejeitou; e quando estivermos completamente lapidados, receberemos finalmente no Reino o diadema, o mais precioso de todos, o "psiphon leuken" (a pedra branca) com seu Novo Nome.
Há três fases na evolução da "Pedra da Sabedoria": Petros, a dura pedra bruta; Lithon, a pedra polida pelo serviço e pronta para receber impressões; e Psiphon Leuken, a suave pedra branca que atrai para si todos os que são fracos e oprimidos. Há muita coisa escondida na natureza e na composição da pedra em cada fase que não pode ser descrita; deve ser interpretada nas entrelinhas.
Se esperamos construir o Templo Vivo com Cristo no Reino, preparemo-nos para ser capazes de reconhecer o Mestre e o Sinal do Mestre.

O Enigma dos Rosacruzes

Quem são os Rosacruzes? Eram eles uma organização de pensadores profundos rebelando-se contra as limitações filosóficas e o sistema religioso inquisitivo de sua época ou eram , então,isolados transcendentalistas unidos apenas pela semelhança de seus pontos de vista e deduções? Onde ficava a "Casa do Espírito Santo", na qual, segundo os seus manifestos, encontravam-se uma vez por ano para planejar as futuras atividades da Ordem? Quem era a misteriosa pessoa referida como "nosso Ilustre Pai e Irmão C.R.C."? Representavam realmente aquelas três letras as palavras "Christian Rosen Kreutz"? Foi Christian Rosenkreutz, o suposto autor das Bodas Químicas, a mesma pessoa que com outros três fundaram "A Sociedade da Rosa Cruz"?
Que relação existia entre o Rosacrucianismo e a Franco-maçonaria medieval? Por que os destinos destas duas organizações estavam tão intimamente relacionados? Era a "Irmandade da Rosa Cruz" o vínculo há muito procurado que conectava a Maçonaria da Idade Média com o simbolismo e o misticismo da antiguidade, e cujos segredos estão sendo perpetuados pela Maçonaria moderna? A Ordem Rosacruz original teria se desintegrado na última parte do século dezoito, ou a Sociedade ainda existe como uma organização, mantendo o mesmo segredo pelo qual a "Irmandade da Rosa Cruz" foi formada? Eram os Rosacruzes uma Irmandade filosófica e religiosa, como proclamavam ser, ou eram seus alegados princípios um artifício para ocultar o verdadeiro objetivo da Fraternidade, que possivelmente seria o controle político da Europa?


Com este enorme leque de questões Manly P. Hall inicia , "A Fraternidade da Rosa Cruz", Capítulo CXXXVII de sua Enciclopédia Ilustrada de Filosofia Maçônica , Hermética e Rosa-cruz -"Os Ensinamentos Secretos de Todas as Eras". Tais indagações continuam inesgotáveis e têm motivados muitas pesquisas acadêmicas no campo da História e da Filosofia, onde o Rosacrucianismo é investigado como um possível link na história do Iluminismo , - entre o neo-platonismo e os modernos racionalismo e empirismo. Em Letras, tem sido estudado a materialidade de suas produções escritas através da interpretação de seu conteúdo simbólico. Não tenho como objetivo apresentar uma nova tese original, as questões já levantadas podem motivar inúmeras teses acadêmicas, nem esgotar tais perguntas, mas simplesmente fornecer um pequeno sumário de algumas teorias, a meu ver não excludentes, que se procuram dar conta do enigma dos rosacruzes.
A primeira década do Século XVII trouxe inúmeras reformas e mudanças no cenário filosófico e político. O Racionalismo de Descartes, na França, e o Empirismo de Bacon, na Inglaterra, fundavam novos princípios de pensamento filosófico e método científico, atacando as antigas instituições.
Na Itália surge Trajano Boccalini, arquiteto e escritor, celebrizado por suas sátiras criticando os políticos corruptos de sua época. Boccalini acabou sendo assassinado em 1613. Seu livro mais importante é sem dúvida a sátira "Ragguagli di Parnasso" (Anúncios do Parnasso), publicada em 1612. Tal obra é dividida em várias partes. Sua septuagésima-sétima parte se intitulada "Generall Riforma dell' Universo"( Reforma Geral do Universo ). Não oferecia nenhuma solução aos problemas que afligiam à humanidade , mas afirmava que uma grande reforma seria necessária antes que os segredos divinos da natureza pudessem ser revelados para a condução dos seres humanos.
É justamente em sua edição alemã de 1614, publicada em Cassel, que aparece pela primeira vez e na forma de apêndice à "Reforma Geral do Universo", a Fama Fraternitatis, o primeiro e anônimo manifesto público da misteriosa Irmandade da Rosa Cruz, com o longo título de Allegeme Und General Reformation der Fame Fraternitatis des Loblichen Orders des Rosencreuzes.
A Fama teve grande repercussão e foi logo publicada separadamente. In 1615 surge o Confessio Fraternitatis, editado com a Fama . Ambos manifestos foram sucessivamente reeditados enquanto o ensaio de Boccalini desaparecia.
As Bodas Químicas de Christian Rosenkreutz, Ano 1459, publicado in 1616, é um livro posterior na cronologia e introduz pela primeira vez o nome Christian Rosenkreutz que permaneceu inominado exceto pelas três letras iniciais nos primeiros manifestos ( Fama & Confessio Fraternitatis ).
A questão da autoria destes trabalhos também é um assunto controvertido. A maioria trabalhos dos autores convergem que teriam sido escritos pelo filósofo e teólogo alemão Johan Valentin Andreae (1586-1654), ainda que não haja provas conclusivas a este respeito. Ele foi um eminente, respeitável e conservador teólogo, representado com longas barbas brancas e muito honrado no seio da congregação luterana. Também escreveu diversos trabalhos de cunho pedagógico. Sua utopia "Cristianópolis" apresenta certa semelhança com a obra baconiana "Nova Atlantis".
Apesar da maioria das pesquisas acadêmicas postularem Johan Valentin Andreae como o verdadeiro autor dos primeiros manifestos Rosacruzes alguns autores postulam que pelo menos a Fama e o Confessio foram realmente escritas pelo Lord Verulam , Sir Francis Bacon, conhecido como o Chanceler de Parnassus, o alegórico Monte dos Poetas.
A Fama Fraternitatis nos conta a vida e as aventuras de Christian Rosenkreutz, um personagem simbólico , que é o fundador da Fraternidade dos Rosacruzes.
Segundo a Lenda, C.R.C. teria nascido em 1378 no seio de uma pobre, porém nobre, família. Tendo perdido seus pais ainda criança, é criado em um convento desde os cinco anos de idade. Lá aprende Latim e Grego e conhece o Irmão P. , um monge com o qual viaja em peregrinação à Terra Santa, para visitar o Santo Sepulcro. Seu companheiro de viagem acaba falecendo ao chegarem à Ilha de Cyprus, mas C.R.C. continua a sua jornada em direção à Damascus. Em Damascus gozando de pobres condições de saúde, permanece por mais algum tempo, estudando com médicos e astrólogos. Ouvindo, por acaso, haver em Dancar um grupo de sábios, parte para esta cidade , lá chegando aos dezesseis anos de idade. (Apesar de ter sido traduzida algumas vezes como Damascus, não conseguiu-se averiguar a localização desta cidade, que não poderia estar muito longe de Jerusalém, mas que não corresponde nem a Damascus nem a nenhuma das demais cidades cujo nome poderia sugerir. Seria um alegórico estado de consciência?).Em Damcar é recebido pelos sábios como alguém longamente esperado e permanece entre eles cerca de três anos, devotando-se ao estudo das Ciências Ocultas , aprendendo a língua árabe e traduzindo o misterioso livro "M" para o Latim. Depois parte para o Egito, onde continua seus estudos. Atravessando o Mediterrâneo chega a Fez, cidade santa de Marrocos, que foi durante a Idade Média um dos centros mais destacados das artes alquímicas. Os sábios de Fez estavam em contato com os Iniciados de outros países islâmicos e conheciam as Ciências Ocultas que compartilham com C.R.C. Nesta cidade é instruído acerca dos misteriosos seres elementais da Natureza. Logo após o jovem Iniciado segue para a Espanha, carregando consigo muitos exemplares de remédios raros, animais curiosos e maravilhosos livros. Visita, então, os iluminados letrados de Madrid, que não lhe dão crédito, pois acatar seu conhecimento revelaria o quanto ignoravam.Então, profundamente decepcionado, retorna à Alemanha, onde formaria o primeiro núcleo da Confraria da Rosa Cruz. Constrói uma casa no topo de uma pequena e misteriosa colina, onde devota-se ao estudo e a experimentos.
Após um silêncio de cinco anos, C.R.C. reúne em torno de si três dos leais amigos do antigo convento no qual havia sido educado, e juntos começam a agrupar e sistematizar o grande conhecimento que possuía. Foi assim que surgiu, em 1413, segundo a Fama, o primeiro núcleo da Fraternidade Rosacruz. Depois foram aceitos mais quatro membros e mais tarde a Ordem passou a se constituir segundo o arquétipo apostólico de doze membros reunidos em torno de um décimo terceiro.
Os Irmãos se dedicavam às artes de cura, tratando os enfermos gratuitamente. O número de pacientes crescia tanto que interferia em outros trabalhos, como a construção do secreto Templo do Espírito Santo e a sistematização do conhecimento universal. Quando o Templo foi concluído, os Irmãos , já Iniciados nos Mistérios e nas Ciências, resolveram separar-se para realizarem certas missões, como a de instruírem as mentalidades avançadas em diferentes partes do mundo. Alguns irmãos permaneciam no Templo, enquanto outros viajavam, devendo retornar ao final de cada ano, ou no caso de algum impedimento, deveriam justificar sua ausência através de uma mensagem.
A Sociedade, então formada, estava regida por um conjunto de regras. Tal código estabelecia : (1)cura gratuita aos enfermos;(2) observância aos costumes e acatamento às leis do país no qual o Irmão Rosacruz residisse; (3) assistência a uma assembléia anual(em caso de impedimento deveriam enviar uma carta justificando sua ausência);(4) cada Irmão Rosacruz deveria formar um digno sucessor; (5) as iniciais "R.C.." constituiria o selo, a marca e a clave da Fraternidade dos Rosacruzes. (6)a identidade da Sociedade deveria permanecer secreta por um período de cem anos.
Quando o primeiro Irmão da Ordem desencarnou, na Inglaterra, o Pai C.R.C. resolveu preparar sua própria tumba, uma perfeita reprodução em miniatura do Universo. Ninguém da Ordem sabia quando seu fundador passaria ao além, porém com idade avançada C.R.C. deixou seu corpo físico, sendo sepultado pelos Irmãos que permaneceram consigo. Porém o local de seu funeral permaneceu secreto durante cento e vinte anos, até ser descoberto acidentalmente pelos Irmãos que perpetuaram secretamente a Ordem.Ao tentarem remover uma taboa memorial, com o nome dos antigos membros da Ordem, para um local mais seguro, descobriram sua tumba secreta iluminada por uma lamparina suspensa no teto, simulando um sol artificial. O cômodo tinha sete lados, e no centro havia uma pedra circular sob a qual encontraram o corpo de seu fundador em perfeita conservação, portando em suas mãos um misterioso pergaminho contendo os arcanos da Ordem.
Quando o primeiro Irmão da Ordem desencarnou, na Inglaterra, foi decidido que os túmulos dos membros deveriam ser secretos. Logo após o Pai C.R.C. reuniu os seis Irmãos remanescentes, e supõe-se que ele então preparou sua própria tumba simbólica, uma perfeita reprodução em miniatura do universo. A Fama lembra que nenhum dos Irmãos vivos na época de seus escritos sabiam quando o Pai C.R.C. havia morrido ou onde estava seu corpo sepultado. Seu corpo foi acidentalmente descoberto 120 anos após a sua morte quando um dos Irmãos decidiram fazer algumas alterações na "Casa do Espírito Santo". Enquanto fazia suas alterações, o Irmão descobriu uma placa memorial sobre a qual estava inscrito os nomes dos primeiros membros da Ordem.
A placa memorial era de bronze, e estava afixada a parede por um grande prego , bastante forte, de modo que ao ser arrancado com força, trouxera com ele o proveniente da parede fina, uma pedra não muito grande ou rebote de porta escondida; e assim, inesperadamente descobriu-se o túmulo do Pai C.R.C. , derrubando o resto da parede e desobstruindo a porta , sobre a qual estava escrito:
POST CXX ANNOS PATERO - [ Após 120 anos Eu Reaparecerei ], com o ano do Senhor indicado embaixo.
Aguardando a alvorada do novo dia, eles exploraram o Túmulo.
"Na manhã seguinte abrimos a porta, e aos nossos olhos surgiu uma galeria abobadada de sete lados e cantos, cada um deles medindo, aproximadamente, 1,5 m de largura por 2,5 metros de altura. Embora o sol jamais brilhasse dentro dela, estava iluminada com um outra luz solar, a qual aprendera a fazê-lo com o próprio sol, e estava situada na parte superior e no centro do teto. No meio, e em vez de lápide, havia um altar redondo coberto por uma chapa de bronze, tendo nela gravado: A.C.R.C. Hoc universi compendium unius mihi sepulchrum feci ( Este compêndio do universo, fi-lo durante minha existência para ser meu túmulo)."
"Á volta do primeiro círculo, ou borda, constava:JESUS MIHU OMNIA (Jesus é para mim todas as coisas) No centro viam-se quatro figuras encerradas em círculos, cujas inscrições eram as seguintes:(1)Nequaquam vaccum.( Em nenhuma parte existe um vácuo)(2)Legis Jugum.(O Jugo da Lei)(3)Libertas Evangelli.(A Liberdade do Evangelho) (4) Dei gloria intacta. ( A glória íntegra de Deus)."
Tudo era visível e resplandecente, então reunidos, ajoelharam-se e renderam graças ao único, sábio e poderoso Deus Eterno, o qual os ensinara mais do que todas as faculdades mentais humanas poderiam ter descoberto. Dividiram a galeria em três partes: a superior ou teto, a parede ou o lado e o piso ou chão.O teto estava dividido de acordo com os sete lados a volta do triângulo. Cada lado da parede dividia-se em dez figuras, cada uma das quais com as suas várias estampas e frases, reveladas no Concentratum da Fama. O fundo era dividido num triângulo e descrevia o poder e o regulamento dos governantes inferiores. Cada lado ou parede tinha uma porta ou cofre, que continham diversas relíquias, como o vocabulário de Theoph: Par. Ho. (Theophrastus Paracelsus ab Hohenheim) e outros livros preciosos e não adulterados, como o Itinerarium e Vitam do Pai C.R.C., fonte da maior parte da narrativa da Fama, segundo a mesma. Num outro cofre havia espelhos, as diversas virtudes, e ainda num outro local, pequenas sinetas, lamparinas e principalmente cânticos maravilhosos dissimulados, e geralmente forjados com este objetivo, isto é, caso viesse a acontecer que após muitas centenas de anos, a Ordem ou Fraternidade resultasse em nada, só pudessem ser reconstruídos unicamente através desta galeria abobadada.
Até então os Irmãos não haviam descoberto o túmulo do Pai C.R.C., mas ao erguerem a chapa de bronze, encontraram um corpo formoso e digno, em perfeito estado de conservação, com todas as suas vestimentas e atavios. Segurava um livro de pergaminho, chamado I; o qual após a Bíblia é o maior tesouro dos Rosacruzes. No final do mesmo havia o seguinte Elogium:
"Uma semente foi plantada no peito de Jesus. C. Ros. C.originou-se na nobre e afamada família alemã da R.C.; um homem admitido nos mistérios e segredos do céu e da terra através das revelações divinas, cogitações sutis e da incansável labuta de sua vida. Em suas viagens pela Arábia e África, arrecadou um tesouro superando o dos Reis e Imperadores; não o achando, porém, adequado para a sua época, conservou-o guardado para ser descoberto pela posterioridade, e nomeou os herdeiros leais e fiéis de suas artes, e também de seu nome. Construiu um microcosmo correspondendo em todos os movimentos ao macrocosmo, e finalmente redigiu este compêndio das coisas passadas, presentes e futuras. Em seguida, tendo já ultrapassado um centenário, embora não atribulado por nenhuma enfermidade, que jamais sofrera em seu próprio corpo e tampouco permitira que outros a sofressem, mas chamado pelo Espírito de Deus, entre os últimos amplexos de seus irmãos, entregou sua alma iluminada a Deus seu Criador. Um pai amado, um Irmão afetuoso, um Mestre leal, um Amigo sincero, aqui permaneceu oculto por seus discípulos durante 120 anos."
A data presumida da descoberta de seu túmulo é 1604. Segundo a Confessio Fraternitatis, o Irmão R.C. nasceu em 1378 e viveu durante 106 anos, portanto teria desencarnado em 1484, sendo descoberto seu túmulo 120 anos após, ou seja 1604.

Várias teorias tem sido dadas para resolver o enigma dos Rosacruzes. Tais Teorias não são excludentes e se completam de certa forma.
A Primeira Teoria sustenta que a Fraternidade Rosa Cruz existe historicamente de acordo com a descrição de sua fundação e subseqüentes atividades publicadas em seus manifestos originais, a Fama e a Confessio Fraternitatis.
Certas discrepâncias tem sido descobertas nesta história. É dito que escritos de Paracelsus foram descobertos no túmulo de C.R.C. porém se ele desencarnou com 106 anos de idade e o túmulo foi selado nesta época e jamais aberto até a sua descoberta 1, nós topamos com uma contradição histórica porque quando o túmulo foi selado Paracelsus tinha apenas um ano de idade.
Uma curiosa pesquisa relacionada à identidade de C.R.C. é apresentada por Maurice Magre em seu livro Magicians, Seers And Mystics . Ele sustenta que Christian Rosenkreutz foi o último descendente dos Germelschausen, uma família alemã que floresceu no século XIII . Seu Castelo se localizava na Floresta de Thuringian .Sua família teria se convertido às doutrinas Albigenses , combinando ritos pagãos com crenças cristãs. Toda a sua família foi assassinada por Landgrave Conrad da Thuringia, exceto o filho mais jovem ,que tinha apenas cinco anos de idade. Ele foi levado secretamente por um monge, que era um adepto Albigense para Languedoc. A criança foi colocada em um mosteiro, que ainda estava sensível à influencia dos Albigenses, onde ele foi educado e mais tarde com a ajuda de quatro outros Irmãos formaram a Fraternidade Rosa Cruz. Este relato deriva da tradição oral.

A Segunda Teoria supõe que a Fraternidade Rosa Cruz foi fundada cerca do ano 1610 pelo teólogo luterano alemão , Johan Valentin Andreae . Alguns acrescentam que suas raízes teriam emergido na Idade Média com o desenvolvimento das pesquisas alquímicas. Para Robert Macoy, Johan Valentin Andreae teria estabelecido a Rosa Cruz a partir da transformação e ampliação de uma antiga associação criada por Henry Cornelius Agrippa.Em sua obra Secret Symbols of the Rosicrucians, o Dr. Franz Hartmann descreve a Fraternidade como "Uma sociedade secreta de homens possuidores de poderes super-humanos, senão sobrenaturais; eles eram capazes de prever os eventos futuros, de penetrar nos mais profundos mistérios da natureza , de transformar Ferro, Cobre, Chumbo, ou Mercúrio em Ouro, de preparar um Elixir da Vida,ou a Panacea Universal, pelo uso do qual eles poderiam preservar sua juventude; e ainda acredita-se que eram capazes de comandar os Espíritos da Natureza, e conheciam o segredo da Pedra Filosofal,uma substancia que facultava ao seu possuidor todos os poderes, imortalidade, e suprema sabedoria". Ele também sustenta que Rosacruz é uma pessoa que pelo processo do despertar espiritual adquiriu um conhecimento pratico do Segredo da Rosa e da Cruz.
A Terceira Teoria defende que o Rosacrucianismo foi a primeira invasão do Budismo e do Bramanismo na Europa, sendo seu simbolismo análogo ao florescimento do lótus.
A Quarta Teoria proclama que a Fraternidade da Rosa Cruz emergiu no Egito durante a supremacia filosófica da Escola de Heliópolis naquele império, tendo como marco mais proeminente o inesquecível Akenathen, o Faraó do Sol. Também sustenta que o Rosacrucianismo preservou os Mistérios da antiga Pérsia e Caldeia . Quando nós falamos do Rosicrucianismo como uma sociedade de homens funcionando sob as leis e regulamentos de uma sociedade física , organizada sob o nome Rosa Cruz, nos limitamos ao início do Século XVII, porém se o consideramos como uma tradição mística, devemos retroceder na história à herança Atlante e ao Egito.
A Quinta Teoria seguindo as pistas fornecidas pelo próprio roteiro de viagem de C.R.C., postula uma influência islâmica. Através dos Magos do Deserto teve acesso à Magia e à Astrologia preservada e cultivada pelos sufistas. É claro que não se trata aqui do islamismo ortodoxico, mas do esoterismo árabe, que tem elementos comuns ao esoterismo de todos os povos.
A Sexta Teoria afirma que a Antiga Fraternidade Rosacruz foi completamente um produto de imaginação. Alguns acadêmicos postulam que esta história de Andreae foi simplesmente um romance. Outros acham que a teoria que Andreae, ao tempo do aparecimento deste livro , era um adolescente cheio de entusiasmo e ambição,que deparando-se com as insuficiências teológicas e científicas , sonhava em ultrapassá-las, e para efetuar este projeto imaginou uma congregação de todos que como ele admiravam a verdade e a virtude. Ainda outros acham que ele teria escrito este relato do surgimento e progresso do Rosacrucianismo visando representar o avanço de suas próprias visões peculiares da moral e da religião. Em Ipso Conscripta, trabalho que permaneceu em forma manuscrita até 1849, só publicado após a sua morte, Andreae admite que escrevera a Fama da Sociedade Rosacruz quando tinha apenas 16 anos de idade.Ele não possuía nenhum conhecimento de outros trabalhos, e é improvável que um adolescente de 16 anos tivesse produzido qualquer dos manifestos sem a orientação de alguém. Seja como for, esta assim chamada "ficção" tem persistido durante séculos, e rapidamente foi aceita como verdade por multidões de pessoas.
A Sétima Teoria defende que a Fraternidade Rosacruz foi realmente fundada cerca de 1604, provavelmente pelo filósofo inglês Francis Bacon, Lord Verulam, bem conhecido como o Chanceler de Parnassus, o alegórico Monte dos Poetas. Michael Maier, médico e alquimista alemão, autor de Silentium Post Clamores e Themis Aurea, dedicados à Irmandade Rosacruz afirma que o lar dos Irmãos Rosacruzes se localizava no Helicón ou Parnaso, onde Pegaso, o Cavalo Alado, faz surgir fontes, com simples golpes de suas patas contra a terra. George Whither faz menção especial a Francis Bacon, Lord Verulam, como o Chanceler do Parnaso, em sua obra The Great Assises Holden in Parnassus. Robert Burton, doutor em Teologia do Século XVII relatou que na época em que escrevia Anatomia da Melancolia, ainda estava vivo o fundador da Sociedade Rosacruz e numa nota de rodapé , ao citar Johan Valentin Andreae, aceito como o autor dos primeiros manifestos, Burton se refere a "Johan Valentin Andreae, Lorde Verulam", sugerindo que "Andreae" era um pseudônimo usado por Francis Bacon. Tais referencias estão dispersas na obra de Manly P. HalI, que dizia que Bacon teria tido uma abundante correspondência com pessoas letradas do continente europeu, ocultando-se atrás da máscara do respeitável Andreae para encobrir seus próprios fins. Bacon teria publicado a Fama e o confessio muito longe de sua pátria para evitar complicações. Manly P. Hall também sugeriu que "após os falsos funerais de Bacon, na Inglaterra, este viajou ao continente Europeu, onde viveu mais de vinte anos na qualidade de lider da Sociedade Secreta, que tinha como objetivo revitalizar as formas de conhecimento(...) Promoveu reformas ,através da Franco-maçonaria; fundou a Royal Society, para promover o conhecimento científico, e junto com um seleto grupo trabalhou em sua obra mestra, a Instauratio Magna, sua Enciclopédia Universal, um compêndio que reunia toda classe de informações necessárias e úteis."O que isto nos evoca? Lembremos que a obra magna de C.R.C. consistia na preparação de uma enciclopédia de conhecimento universal. Parte da Instauratio Magna foi editada com o título de Novum Organum,que marcou época e se tornou a base da Ciência Moderna. Tal Teoria não é compartilhada por Francis A.Yates, para quem o pensamento de Bacon se contrasta com o Rosacrucianismo, que afinado com o pensamento alquímico postulava a doutrina harmônica da analogia entre o Macro e o Microcosmos, que não estão presentes no pensamento de Bacon. O programa do Império Filosófico , desenvolvido por Bacon inspirado nos conceitos de Platão, teve continuidade em sua utopia Nova Atlantida, na qual ressalta a necessidade da investigação dos mistérios da natureza relativos à matéria, ao tempo e ao espaço, como condições da preservação e segurança humana.
A Oitava Teoria proclama que a Ordem Rosa Cruz não é meramente uma sociedade secreta porém uma das Escolas de Mistérios, ainda que tenha trabalhado com algumas sociedades secretas em diferentes períodos da história.
A Oitava Teoria sustenta que a Ordem Rosacruz é uma Escola de Mistérios, que os Irmãos Maiores da Ordem são Hierofantes dos Mistérios Ocidentais e que possuem um poder espiritual mais poderoso na vida do mundo ocidental que qualquer governo visível. Também proclama que Cristian Rosenkreutz é o nome simbólico de uma entidade que realmente esteve encarnada, que teria aparecido na Europa nos Séculos XIII e XIV para iniciar seu trabalho. Afirma que ele trabalhou com os alquimistas e inspirou as investigações metafísicas e as práticas de cura de muitos servos de Deus e da humanidade.Também proclamam que o Conde de St. Germain é o mais elevado Adepto de sua Ordem e que Ele e Christian Rosenkreutz foram manifestações da mesma entidade. Declaram-se a si mesmos como descendentes de Tubal- Caim e Hiram Abiff, e que o propósito de sua existência era preservar a natureza espiritual do homem através de eras de materialismo. Segundo Manly P. Hall, Max Heindel, o Mistico Cristão, descrevia o Templo Rosacruz como uma estrutura etérea localizada na Europa. Manly P. Hall nos informa que Max Heindel referia-se aos Iniciados Rosacruzes como seres tão avançados na ciência da vida que a morte os esqueceu. ( The Secret Teachings of All Ages )
Segundo Corinne Heline, proeminente expositora da Teoria Transcendentalista, "Desde o estabelecimento das Escolas de Iniciação na Antiga Lemúria após o link mental ter sido desenvolvido pelos pioneiros da raça humana ( as massas não teriam recebido o link mental antes da Época Atlante), têm havido duas grandes classes ou divisões nas Escolas, correspondendo, comparativamente à graduação e pós-graduação. A forma com que chamamos estas Escolas podem variar um pouco; porém seguindo a tradição grega, os ocultistas geralmente designam a Primeira Escola como Mistérios Menores e a mais elevada, como os Grandes Mistérios.Existem nove graus nos Mistérios Menores, chamados Iniciações - ou, em termos metafísicos, expansões de consciência , e há quatro graus nos Mistérios Maiores.Estas Escolas não são físicas porém estruturas etéreas tais como a Nova Jerusalém descrita por São João; e não devem ser confundidas com as sociedades secretas.Realmente, todas elas tem alguma representação no plano material; se não tiverem, não poderiam alcançar a mentalidade materialista humana e não teria nenhum discípulo para instruir nos Mistérios! Estas Escolas de Mistério, com suas representações exotéricas, se transformam através das eras de forma a atender as necessidades das pessoas entre as quais seu trabalho é feito."
"Todas estas Ordens de Mistérios estão formadas em linhas cósmicas; onde os Doze Hierofantes correspondem às doze constelações e seu líder espiritual, o Décimo-Terceiro ao zodíaco; É interessante especular que no zodíaco grego as Plêiades eram consideradas como a décima-terceira constelação até os últimos tempos. O grande protótipo Cristão da Escola de Mistérios está representado por Cristo e Seus Doze Apóstolos. A Ordem Rosacruz está também composta por Doze Irmãos e um esotérico Décimo-Terceiro, o reverendíssimo Fundador, simbolicamente designado Christian Rose Cross após o trabalho que ele veio fazer pelo mundo."
"As sete Escolas de Mistérios Menores e as cinco Escolas de Mistérios Maiores estão agrupadas sob uma Inteligência central, chamada , segundo o costume grego, de o Liberador - título antigamente conferido à Dionysus, porém nos tempos Cristãos relacionados a As ascensão de Cristo (ou ao décimo -terceiro Hierofante numa Escola de Mistérios) O místico décimo-terceiro é sempre o líder de uma Ordem; e os doze líderes estão em agrupados em torno do décimo-terceiro a quem os cristãos chamam Cristo, ainda que Ele seja conhecido por outros nomes em outras terras entre outros povos."
Heline nos ensina que em acréscimo aos números sagrados doze e treze, observamos a recorrência de sete e cinco, correspondendo aos cinco planetas, Sol, e Lua do sistema Ptolomaico. Em algumas Escolas as Iniciações são dispostas diferentemente, tal que o processo de iluminação é coberto em sete graus em vez de nove; porém o trabalho feito é substancialmente o mesmo. O aspirante geralmente aceito no Templo é um noviço (Irmão Leigo) de uma das Escolas de Mistérios Menores, e um neófito nos vários primeiros graus daquela Escola. Poucos tem avançado no trabalho espiritual além dos primeiros sete Ritos do Templo. Os próximos dois graus ( no sistema de nove graus )desponta acima dos reinos deste plano mortal, facultando a confraria com as hostes celestiais cujo discernimento e descrição transcende os sentidos comuns.
Por tudo isso compreendemos porque o número sete é sagrado para os ocultistas. Tem sido dito que " qualquer um que passe além destes sete passos ou graus chega a um lugar maravilhoso onde contempla os mais profundos mistérios e se concentra na transmutação de todas as coisas naturais". As Sete Escolas de Mistérios Menores, e também os sete graus da sistema sétuplo, são alegoricamente descritos na Bíblia como a mística escada na qual Jacob teve sua fantástica visão. Todo o esquema de Iniciação está simbolizado na escadaria sinuosa do Templo de Salomão que conduz à câmara interna onde o candidato vitorioso conquista a maestria.
O que se segue é um pequeno resumo dos ensinamentos de Corinne Heline a este respeito.
As cinco Escolas que ensinam os quatro Mistérios Maiores são quase que totalmente desconhecidas, até para o mundo esotérico. Raramente alguma alma passa por seus sagrados portais. Os Hierofantes através dos quais este sublime trabalho é administrado são os poucos e mais elevados Iniciados Terrestres, e há também poucos discípulos.
Como um ser humano possui uma aura que circunda e interpenetra seu corpo físico, assim também está o planeta Terra vestido com matérias sutis. A esfera física é familiar a todos que nela evoluem , porém outras esferas são desconhecidas. Estas incluem a etérea, a astral, a mental , a espiritual , e a mais elevada espiritual. Nos nove Mistérios Menores da Rosa Cruz ( ou sete Mistérios de certas outras Escolas), o candidato ascende sucessivamente através destes planos planetários por expansão de consciência. Ele recapitula, conscientemente, toda a evolução da Terra e de sua humanidade,tanto espiritual quanto física. Tal recapitulação provoca nele o despertar de todas as faculdades e poderes adormecidos que a raça humana já possuiu em épocas passadas, tornando disponível para si a soma total da experiência da raça humana. O que isto significa é visto nos maravilhosos instintos dos animais e plantas, instintos que foram perdidos pelo homem desde que adquiriu a razão porem que num Iniciado se torna um instrumento conscientemente utilizável pelo intelecto.Ao lado de seus sentidos humanos ele possui um super-instinto, uma inesgotável vitalidade pela qual o corpo é renovado em si mesmo. Então seu corpo se torna tão indestrutível como um diamante ou rubi, por ter também total controle das forças químicas. Todas estas coisas estão ao alcance de um Adepto, um Iniciado, que se qualificou nas nove Iniciações dos Mistérios Menores e já atingiu a primeira dos Mistérios Maiores, capacitando-se a penetrar no "coração da Terra" e encontrar o Liberador face a face.
Todavia, é raríssimo encontra-se um Adepto na superfície da Terra. Nem mesmo os Irmãos Leigos, Iniciados nos primeiros graus das Escolas de Mistérios Menores, são tão numerosos. Os Irmãos Leigos estão envolvidos geralmente com as cinco primeiras iniciações dos nove Mistérios Menores. Poucos Irmãos Leigos conseguem mais que uma Iniciação numa encarnação.Quando algum candidato passa através de várias Iniciações numa encarnação, podemos estar certos que são recapitulações de um trabalho feito em várias vidas anteriores.
Durante a recapitulação embriológica, o quarto mês traz uma mudança decisiva no desenvolvimento fetal; esotericamnte, dizemos que nesta época certos contatos com o mundo interior são dissolvidos . O Ego se concentra definidamente no plano material e trabalha na construção do veículo físico no qual está sendo encadeado.
Na Iniciação, o Quarto Grau é bem definido como o degrau para o plano celestial; certos contatos físicos são rompidos , e as relações com o mundo interno se tornam mais íntimas.Doravante para o discípulo DEUS É TUDO E TUDO É DEUS. Ainda que seu corpo habite o mundo exterior, ele não o deseja.
O quarto plano da aura da Terra é o plano mental; é a "inteligência planetária ou, em termos metafísicos, é a inteligência de Deus expressando-se a si mesmo em relação à Terra.
O mundo mental é o elo entre espírito e matéria. Imediatamente abaixo ao plano mental está o mundo do desejo; acima está o mental superior, ou mente abstrata, o plano das idéias universais. Neste está o mundo (consciência) da idéia germinal, sem a qual a manifestação não poderia se processar pois ele é o celeiro do cosmos.O plano mental marca um ponto crucial não apenas na involução (mergulho na matéria) para a raça humana em sua totalidade, mas na evolução (ascensão ) ao espírito para o Iniciado. Devemos notar que o mergulho do espírito virginal, centelha do espírito universal, na forma durante a chamada involução foi um processo coletivo.A Iniciação, todavia, é um processo individual, antecipando o futuro desenvolvimento da humanidade .
"Na Quarta Iniciação o Ego faz a decisão de prosseguir no Sendero Branco ou no Sendero Negro. Tal decisão depende da instrumentação que dará aos poderes adquiridos.O forte e plenamente consciente Iniciado não sucumbirá onde alguns fraquejam. As ambições da personalidade levam ao Sendero Negro, enquanto o serviço amoroso e desinteressado conduz ao Sendero Branco".
O Quinto Grau, se alcançado, conduz à santidade. Neste majestoso Rito o Ego, tendo escolhido definitivamente unir-se ao espírito (santo), é colocado face a face com seu verdadeiro self. No estase deste elevado momento o discípulo vem a compreender o verdadeiro significado daquelas palavras inscritas acima da entrada dos Templos Gregos: "HOMEM CONHECE TE A TI MESMO".
"No Sexto e Sétimo Graus, a personalidade é aperfeiçoada como um canal através do qual o self divino (algumas vezes chamado espírito virginal ou mônada espiritual) pode colocar seus poderes no trabalho criador. ( em sentido figurado a personalidade torna-se o cálice do Graal) toda palavra e todo ato é inspirado por uma sabedoria que é eterna. O Iniciado aspira o aroma da eternidade, por saber ser parte daquilo que não tem princípio nem fim. Então o self pessoal é absorvido pelo mais elevado, self espiritual e o discípulo alcança o limiar da divindade. Os dois últimos Graus são os portais do trabalho que faz dele realmente um deus. A Fraternidade Rosacruz nos ensina que o candidato vitorioso do Sétimo Grau desenvolve as Rosas Vermelhas e Branca que florescem em seu Roseiral. O Rosarium dos alquimistas medievais era simplesmente o laboratório (estado de consciência) do aspirante que estava procurando a divina realização ( consumatum est)."
Sobre a sua cabeça o candidato vitorioso usa uma "coroa de jóias cintilantes em ouro vivo" A coroa real dos primeiros regentes tiveram sua origem na coroa espiritual dos antigos Reis-Sacerdotes Iniciados a partir da Ordem de Melchizedek. A tríplice tiara papal é outra representação simbólica desta coroa espiritualmente visível do Iniciado que ascendeu através dos três planos localizados abaixo do mental superior às esferas divinas.
Também é o Rei e a Rainha descrito alegoricamente nas Bodas Alquímicas de Christian Rosenkreutz.
Esperamos que as linhas gerais apresentadas neste despretensioso trabalho seja útil a todos aqueles que buscam inspiração e realização espiritual através do Caminho de Alquimia Espiritual Rosacruz. Convém destacar que as diversas teorias apresentadas não são necessariamente excludentes. A Lenda de C.R.C. possui um caráter essencialmente simbólico, ocultando como os antigos mitos grandes relíquias espirituais.

"Que as Rosas Floresçam Sobre a Vossa Cruz",
A.D. , FRCMH


Obras e autores citados e(ou) consultados na redação deste trabalho:
ANDREAS, Johan Valentin Andreae -Fama Fraternitatis;Confessio Fraternitatis;The Chymical Wedding of Christian Rosenkreutz, Anno 1459
HALL, Manly P-. The Adepts in The Esoteric Tradition;Codex Rosae Crucis;The Secret Teachings of All Ages;Fundamentals of The Esoteric Sciences;The Riddle of The Rosicrucians
HEINDEL, Max-The Rosicrucian Cosmo Conception
HELINE, Corinne - Occult Anatomy and the Bible.
GORCEIX, Bernard- A Biblia dos Rosa-Cruzes
HOTALING, Minnie-Exploring the Origins of Rosicrucianism in Rays From the Rose Cross, Vol 90, #04
SALOMONSSEN, Arne- The Chymical Wedding of Christian Rosenkreutz Anno 1459, A Modern Poetic Version
STEINER, Rudol-Christian Rosenkreutz
WEBER, Charles- Early Rosicrucian and Occult Symbolism in Rays from the Rose Cross,Vol.92,#03
YATES, Frances A-.O Iluminismo Rosa-Cruz


Fraternidade Rosacruz Max Heindel

A Fraternidade Rosacruz Max Heindel não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma grande Escola de Pensamento. Sua finalidade precípua é divulgar a admirável filosofia dos Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel, escolhido para esse fim pelos Irmãos Maiores da Ordem Espiritual. Seus ensinamentos projetam luz sobre o lado científico e o aspecto espiritual dos problemas relacionados à origem e evolução do homem e do Universo. Tais ensinamentos, contudo, não constituem um fim em si mesmo, mas um meio para o ser humano tornar-se melhor em todos os sentidos, desenvolvendo assim o sentimento de altruísmo e do dever, para o estabelecimento da Fraternidade Universal. O fim a que se destina a Filosofia Rosacruz é despertar a humanidade para o conhecimento das Leis Divinas, que conduzem toda a evolução do homem, e, ainda: (I) explicar as fontes ocultas da vida. O homem, conhecendo as forças que trabalham dentro de si mesmo, pode fazer melhor uso de suas qualidades; (II) ensinar o objetivo da evolução, o que habilita o homem para trabalhar em harmonia com o Plano Divino e desenvolver suas próprias possibilidades, ainda desconhecidas para grande parte da humanidade; (III) mostrar as razões pelas quais o Serviço amoroso e desinteressado ao próximo é o caminho mais curto e mais seguro para a expansão da consciência espiritual. A Fraternidade Rosacruz é fundamentalmente uma Escola de reforma interna para a humanidade, uma Escola de desenvolvimento das faculdades espirituais.


Fraternidade Rosacruz - Centro Autorizado do Rio de Janeiro
Rua Enes de Souza, 19 Tijuca, Rio de Janeiro, R.J. Brasil
20521-210 Tel/Fax 22387179

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Fama Fraternitatis



O único sábio e misericordioso Deus nestes últimos dias derramou abundantemente a Sua graça e clemência sobre a Humanidade, conduzindo-nos cada vez mais ao conhecimento perfeito de Seu Filho, Jesus Cristo, e da natureza, para que possamos justificadamente bendizer o tempo venturoso em que vivemos. Não só nos revelou a metade até então desconhecida e oculta do mundo , mas também muitas obras e criaturas da natureza, jamais vislumbradas anteriormente. Além disto favoreceu a emergência de homens de grande sabedoria para renovar , transformar e aperfeiçoar todas as artes (tão maculadas e imperfeitas de nossa época ), para que o homem possa finalmente compreender sua própria nobreza e dignidade , e por que é chamado de Macrocosmos, e até onde se estende seu conhecimento da natureza.
O mundo inculto não ficará muito satisfeito com isto, preferindo zombar e escarnecer . Também o orgulho e a vaidade dos eruditos é tão grande que não conseguirão entrar em acordo. Se pudessem se reunir e examinar a multiplicidade de revelações brindadas ao nosso século poderiam compilar um LIBRUM NATURAE ou um método perfeito de todas as Artes. Porém tamanha é a oposição entre eles que se mantêm ao curso antigo e temem abandoná-lo, estimando ao Papa, a Aristóteles e Galieno; se tais autores que tinham apenas uma pequena mostra de conhecimentos em lugar da clara e manifestada Luz e Verdade, estivessem vivos agora deixariam com alegria suas falsas doutrinas. Porém aqui há demasiada debilidade para semelhante grande obra. Ainda que em teologia, física e matemáticas a verdade se manifeste por si mesma, o velho inimigo se mostra com sutileza e artimanhas, quando obstaculiza todo bom propósito com seus instrumentos e criaturas vacilantes.
Visando uma reforma geral, o muito piedoso e altamente iluminado Pai, nosso Irmão C.R., um alemão, o chefe e fundador da nossa Fraternidade, trabalhou muito durante muito tempo. Devido a sua pobreza (embora descendesse de pais nobres), aos cinco anos de idade foi posto em um convento , onde aprendeu com os idiomas grego e latim ( por seu próprio desejo e pedido) . Ainda em sua fase de crescimento, se associou a um Irmão, Fra. P. A. L., que decidira viajar para a Terra Santa.
Fra. P.A.L. jamais chegou a Jerusalém, pois faleceu na Ilha de Chipre. Nosso Irmão C.R. , também não retornou , viajando para Damasco, com a intenção de alcançar Jerusalém a partir daquela cidade; todavia, devido a fadiga de corpo provocada pela longa viagem, prolongou a sua estada naquela cidade e, graças à sua perícia em Medicina, foi bem acolhido entre os turcos.
Por acaso, ele ouviu falar dos sábios de Damcar na Arábia, das maravilhas de que eles eram capazes, e das revelações que lhes haviam sido feitas sobre toda a natureza. Tal notícia despertou o espírito nobre e culto do Frater C.R.C., que interessou-se então menos por Jerusalém do que por Damcar. Também não conseguiu refrear seu desejo, e se colocou ao serviço dos mestres árabes, sendo negociada uma determinada soma para conduzi-lo a Damcar.
Chegou a Damcar com 16 anos e foi recebido pelos sábios (segundo ele próprio ), não como um desconhecido, mas como alguém que há muito era esperado. Chamaram-no pelo seu nome, e revelaram-lhe certos segredos do seu claustro, sobre os quais ele só podia ter conjeturado. Ali ele aprendeu melhor o idioma árabe; e, assim, no ano seguinte, traduziu o Livro M. para o latim clássico, que depois carregou consigo. Mais tarde desenvolveu sua Medicina e sua Matemática, de que o mundo teria justo motivo para se alegrar, se houvesse mais amor e menos inveja.
Decorridos três anos , tornou a embarcar com a devida aprovação, no Sinus Arabicus para o Egito, onde apesar de não permanecer por muito tempo, aprendeu algo mais sobre plantas e criaturas. Depois navegou todo o Mar Mediterrâneo e chegou a Fez, no Marrocos, para onde os árabes o tinham enviado.
Deveríamos nos envergonhar diante da atitude benevolente desses homens sábios, que ainda que distantes compartilhavam as mesmas idéias, desprezando todos os libelos, e compartilhando a sua ciência benevolentemente através do selo do segredo.
Anualmente, os árabes e os africanos enviam emissários uns aos outros, procurando compartilhar uns com os outros suas artes, e conhecer seus resultados; se tiveram a felicidade de descobrir coisas melhores, ou se a experiência teria enfraquecido suas razões. A cada ano algo era esclarecido , pelo qual a Matemática, a Medicina e a Magia (na qual os de Fez, no Marrocos, eram muito hábeis) eram corrigidas.
Atualmente a Alemanha não carece de homens eruditos, magos, cabalista, médicos e filósofos, mas falta amor e bondade entre eles , e a grande maioria monopoliza tais segredos em proveito próprio.
Na cidade de Fez Fez, nosso Irmão C.R. entrou em contato com os chamados são Habitantes Elementares, que lhe revelaram muitos de seus segredos.Igualmente poderíamos nós os alemães recolher muitas coisas se houvesse uma unidade semelhante, e um desejo de investigar e compartilhar os segredos existentes em redor de nós e dentro de nós mesmos.
Sobre Fez, ele confessava freqüentemente; que a magia por eles praticada não era todavia pura e que sua Cabala fora profanada por sua religião; porém apesar disto ele sabia como fazer um bom uso dos conhecimentos que eles possuíam e encontrou ainda um melhor fundamento para sua fé; em tudo de acordo com a harmonia do mundo e maravilhosamente dentro dele em todos os períodos do tempo. Por isso ele reconhecia que em cada semente de qualquer classe existe interiormente uma árvore inteira e boa, ou então frutos; assim de forma semelhante está incluído dentro do pequeno corpo do homem um grande e completo mundo cuja religião, saúde, partes do corpo, natureza, linguagem, palavras e trabalhos estão de acordo, simpatizando, em igual melodia com DEUS, o Céu e Terra. Aquilo que não está de acordo com isto é erro, falsidade e do Diabo, que é a única causa primeira, média e última de hostilidades, cegueira e obscuridade no mundo. Também alguém pode examinar várias e até mesmo todas as pessoas sobre a face da terra e descobrir que o bom e o justo está sempre em harmonia consigo mesmo, porém que tudo o resto é manchado por milhares de equivocadas falsidades.
Após dois anos em FEZ, nosso Irmão C.R.C viajou em um veleiro com muitas coisas valiosas para a Espanha, alimentando a esperança de poder compartilhar as experiências proveitosas de suas viagens com os ilustres homens da Europa, que o acolheriam com alegria, e passariam a ordenar e dirigir seus estudos de acordo com aquelas bases firmes e eficazes. Por conseguinte, debateu com os alumbrados eruditos da Espanha, mostrando-lhes os erros de suas Artes, como deveriam ser corrigidos, e de onde colheriam a verdadeira Indicia do futuro, e em que ponto deveriam concordar com as fontes do passado; e também como os erros da Igreja e de toda a Philosophia Moralis deveriam ser reformadas. Ele lhes mostrou ainda novas plantas, novos frutos e animais, os quais estavam de acordo com o que ensinava a filosofia antiga e propôs para eles , uma nova AXIOMÁTICA, com a qual tudo podia ajustar-se completamente. Porém, para eles tudo isso era motivo de zombaria e sendo novo para eles, temiam que sua fama de sábios sucumbisse, se agora tivessem que aprender coisas novas e reconhecer seus muitos anos de erros, aos quais já estavam acostumados e com os quais haviam ganho tanto dinheiro. Que sejam reformados aqueles que amam a inquietude, respondiam.

Ouvia sempre a mesma antífona que lhe era entoada por outras nações, e sua emoção foi tanto maior porque ocorria ao contrário de suas expectativas e por estar disposto a comunicar graciosamente todas as suas artes e segredos aos eruditos, se pelo menos aspirassem empenhar-se para haurir no conjunto das faculdades, das ciências, das artes, em toda a natureza, uma axiomática precisa e infalível. Tal axiomática, como um globo, devia orientar-se de acordo com um centro único, e seria utilizada pelos sábios, como era costume entre os árabes, como uma regra. Deveria existir na Europa uma sociedade que possuísse bastante ouro e pedras preciosas que poderia conceder aos reis, para suas utilidades imprescindíveis e objetivos lícitos. Tal sociedade também se encarregaria da educação dos príncipes, que aprenderiam tudo o que Deus concedeu aos homens de saber, a fim de habilitá-los, em todas as ocasiões de necessidade, a dar um conselho àqueles que dele precisassem, tal qual os oráculos pagãos.
Na verdade, devemos reconhecer que o mundo já estava gerando uma grande reviravolta, e sentia as dores do parto. Engendrava também gloriosos e virtuosos homens que rompiam com as trevas e a barbárie, deixando-nos um rastro a seguir. Eram a ponta do triangulo de fogo, o brilho de cujas chamas não cessa de aumentar e que, indubitavelmente, iluminará o último incêndio que abrasará o mundo.
Outrossim, um destes, Theophrastus (Paracelso), o fora por tendência e vocação, embora não tivesse aderido à nossa fraternidade, lera zelosamente o livro M, iluminando e aguçando sua genialidade. Também foi interceptado em sua marcha por uma multidão confusa de homens eruditos e pseudo-sábios. Nunca pode transmitir em paz sua meditação sobre a natureza, precisando consagrar mais espaço em suas obras para desacreditar os imprudentes do que para revelar-se em toda a sua completude. Todavia, encontramos, nele, profundamente, a harmonia que comentamos. Indubitavelmente, teria comunicado aos homens de ciência, se fossem mais dignos, uma arte superior às sutis vexações. Assim buscou uma vida livre e reservada, distante dos prazeres e da insensatez mundana.
Porém não esqueçamos nosso amado Pai, Irmão C.R. que após duras e penosas viagens, constatando que suas verdadeiras instruções não foram aceitas, regressou à Alemanha, país que amava cordialmente. Neste país, ainda que pudesse ter se vangloriado com sua arte, especialmente com a transmutação dos metais*, estimava muito mais o Céu , seus habitantes e a humanidade, do que glorias e pompas mundanas.
Entretanto, construiu para si uma confortável morada onde meditava e refletia sobre Filosofia e suas viagens, sintetizando tudo num verdadeiro memorial. Nesta casa envolveu-se por muito tempo com pesquisas matemáticas e construiu muitos instrumentos de precisão, EX OMNIBUS HUJARTIS PARTIBUS, dos quais poucos foram por nós conservados, conforme compreenderão mais adiante.
Após cinco anos, tornou a aspirar a reforma nas artes e nas ciências. Duvidando da possibilidade de qualquer outra ajuda e de qualquer outro apoio, de espírito assíduo, pronto e perseverante, ele decidiu empreendê-la por sua conta, na companhia de um pequeno número de adjuntos e colaboradores. Para lograr este fim convidou três Irmãos de seu antigo convento (que ele amava tanto); o Irmão G.V., o Irmão J.A. e o Irmão J.O. cujos conhecimentos, ultrapassavam o saber daquela época. Tais Irmãos prestaram um juramento supremo de fidelidade, diligência e silêncio, rogando-lhes que registrassem cuidadosamente por escrito todas as instruções que lhes transmitisse, a fim de que os futuros membros, cuja admissão deveria efetuar-se depois graças a uma revelação particular, não se equivocassem a respeito de um iota sequer.
Desta maneira teve início a Fraternidade dos Rosacruzes, com apenas quatro pessoas, que desenvolveram a linguagem e a escrita mágicas,com um grande dicionário, o qual ainda usamos diariamente para louvar e glorificar a Deus, haurindo aí uma grande sabedoria. Escreveram também a primeira parte do Livro M. Porém, devido ao seu trabalho ser excessivamente árduo, a grande afluência de enfermos em busca de cura começava a estorvá-los e ainda que seu novo edifício (chamado SANCTI ESPIRITUS) já estava concluído, resolveram ampliar sua confraria e para este fim foram escolhidos como novos membros o primo-irmão do Fr. Rosa-Cruz, um pintor de talento, Fr. B., seus secretários, G.G. e P.D.,todos de nacionalidade alemã, com exceção de I.A.; no total, oito membros, todos virgens que fizeram o voto do celibato. Eles deviam escrever um livro onde deviam registrar todas as aspirações, desejos e esperanças que a humanidade jamais foi susceptível de alimentar.

Ainda que livremente reconhecemos que o mundo tenha evoluído bastante nos últimos cem anos, estamos seguros que nossa AXIOMÁTICA não será superada até o final do mundo e que também o mundo em suas eras futuras não verá nada diferente, porque nossa ROTA abarca tanto o dia em que DEUS pronunciou" FIAT (Faça-se) quanto o dia em que Ele pronuncie PEREAT (Pereça). O relógio de DEUS marca com precisão cada minuto, quando nossos relógios escassamente marcam as horas precisas. Também cremos firmemente que nossos irmãos e nossos pais se houvessem vivido nesta época haveriam tratado com mais rigor ao Papa ,a Mahomet (Islam), e aos escritores, artistas e sofistas; não simplesmente com suspiros desejando o fim da miséria.
Estes oito Irmãos catalogaram e ordenaram todas as coisas de forma harmônica. Não se demandava então outro trabalho de grande vulto . Cada qual havia sido bem instruído , estando qualificado para ministrar os segredos de sua arte e filosofia. Ainda que desejassem compartilhar por mais tempo a companhia uns dos outros, haviam combinado, a princípio, que deveriam separar-se e dirigir-se a vários países distintos; não apenas para compartilhar sua AXIOMÁTICA com outros homens ilustres, senão para que eles próprios ,noutros países , observassem algo ou algum equívoco , devendo comunicá-los uns aos outros.
Seu acordo era o seguinte:
1. - Que nenhum deles deveria fazer nada mais que curar os enfermos e isto gratuitamente.
2. - Que nenhum deles nem os que os seguiam; deveriam jamais usar certa classe de hábito, senão vestir-se segundo o costume do país em que residissem.
3. - Que a cada ano no dia C. deviam reunir-se na casa SANCTUS SPIRITUS, ou justificar por escrito sua ausência.
4. - Que cada Irmão deveria buscar uma pessoa merecedora, que depois de sua morte pudesse substituí-lo.
5. - Que a palavra C.R. devia ser o selo, marca e caráter deles.
6. - A FRATERNIDADE devia permanecer secreta por cem anos.
Comprometeram-se mutuamente a observar esses seis artigos. Cinco Irmãos partiram para diversas partes. Somente permaneceram os Irmãos B. e D. com o Pai, Fra. R.C. durante um ano inteiro.Quando, ao cabo de um ano, eles também partiram,J.O. e seu primo ficaram junto dele, para que assim em todos os dias de sua vida tivesse a companhia de dois de seus Irmãos.
E, por mais maculada que estivesse a Igreja, , sabemos que os Irmãos nela pensavam e aspiravam profundamente pela purificação da mesma.
Todos os anos se reuniam com alegria e faziam uma coletânea completa do que haviam feito Havia um grande júbilo entre eles, em compartilhar o relato verídico e sem artifícios de todas as maravilhas e milagres que Deus não cessou de espalhar pelo mundo. Todos podem estar certos que pessoas como estas,cujo encontro era obra da máquina celeste, escolhidas pelos espíritos mais sábios de cada século, viveram entre eles e em sociedade na mais perfeita concórdia, na mais total discrição, o mais caridosamente possível.Vivendo tal estilo de vida, ainda que suas existências transcorressem livres de dores e enfermidades não podiam viver por mais tempo que o determinado por Deus. O primeiro Irmão desta augusta Fraternidade que morreu, e isto ocorreu na Inglaterra, foi o Irmão J.O., tal como o Irmão C. há tempos havia-lhe predito. Ele era muito culto e conhecia com profundidade a Cabala, como demonstra o livro H., de sua autoria. Na Inglaterra era muito famoso, pois havia curado o jovem Conde Earl de Norfolk que sofria de lepra. Os Irmãos decidiram que o lugar de seus enterros devia permanecer secreto, até onde fosse possível. Atualmente não sabemos nada do que sucedeu a alguns deles, porém o posto que desempenhavam foi ocupado por um sucessor competente. Porém , isto confessaremos publicamente por essas dádivas para a glória de Deus, que seja qual for o segredo que tenhamos aprendido no livro M. ( ainda que nossos olhos contemplem a imagem e configuração de todo o mundo), não nos foram revelados nossos infortúnios, nem a hora da morte, que somente é conhecida pelo próprio Deus, o qual desta maneira nos conservaria num estado contínuo de preparação. Esta questão será tratada mais explicitamente em nossa Confissão na qual também enunciaremos as 37 causas pelas quais revelamos agora nossa Confraria, fazendo a oferta livre, espontânea e gratuita de mistérios tão profundos, e a promessa de mais ouro do que o fornecido pelas duas Índias ao rei da Espanha: porque a Europa está grávida, e ela vai dar à luz um robusto rebento que seus padrinhos cobrirão de ouro.
Após a morte do Irmão J.O. , o Irmão R.C. não cessou suas atividades, e assim que pôde convocou os demais Irmãos, e supomos que foi nesta época que foi feita a sua tumba. Embora nós, os mais jovens, ignorássemos até então absolutamente a data da morte do nosso bem-amado Pai R.C., e não estivéssemos de posse a não ser dos nomes dos fundadores e de todos aqueles que os sucederam até nós, soubemos todavia guardar em memória um mistério que A., o sucessor de D., o último representante da segunda geração, que viveu com muitos dentre nós, confiou a nós, representantes da terceira geração, num misterioso discurso sobre os cem anos. Confessamos, aliás, que após a morte de A. nenhum de nós conseguiu o menor detalhe a respeito de R.C. e sobre seus primeiros irmãos, exceto o que é relatado em nossa Biblioteca Filosófica, entre outras, nossa Axiomática, obra capital para nós, os Ciclos do Mundo, a obra mais sábia, e Proteu, a mais útil. Não sabemos portanto com certeza se os representantes da segunda geração possuíam a mesma sabedoria que os da primeira, e se tiveram acesso a todos os mistérios. Mas lembremos ainda ao atento leitor que foi Deus quem preparou, aprovou e ordenou o que aprendemos aqui mesmo, sobre a sepultura de Fr.C., e que proclamamos agora publicamente.
Nós lhe somos tão fielmente dedicados que não tememos a revelação , numa obra impressa, de nossos nomes de batismo, de nossos pseudônimos, de nossas assembléias, de tudo o que se deseja saber de nós, contando que , em contrapartida, as pessoas se dirijam a nós, contando que, em contrapartida, as pessoas se dirijam a nós com modéstia, e que as respostas sejam cristãs.
Agora vem o verdadeiro e fundamental relato do altamente iluminado homem de DEUS, Fra.,C.R.,que é o seguinte:
Após a morte física de A. , na Gallia Narbonensis (a cidade de Narbon em França cerca da fronteira com a Espanha, pelo lado do Mediterrâneo), sucedeu-o nosso amado Irmão N.N., que adotou seu nome, após vir a nosso encontro para fazer o solene juramento de fidelidade e segredo, nos informando confidencialmente que A. lhe havia assegurado, que esta Fraternidade não permaneceria tão oculta, mas que seria benéfica, útil e recomendável a toda a nação alemã; que de forma alguma envergonhava-se de seu estado. ( A Alemanha naquela época era protestante e sofria o ataque dos exércitos católicos que vinham do Sul da Europa)
No ano seguinte após N.N. haver concluído seu aprendizado, planejou viajar, munido de tão respeitável viático e da bolsa de um Fortunato , todavia , sendo um bom arquiteto idealizou restaurar e modernizar sua morada para torná-la mais adequada aos propósitos da Irmandade. Nesta reforma, interessou-se por uma placa memorial que havia sido fundida em bronze e sobre a qual estava inscrito os nomes dos primeiros membros da Ordem e algumas outras inscrições. Pretendia deslocá-la para uma uma câmara mais conveniente. Onde ou quando Fra. C.R. nosso amado pai e fundador havia morrido ou em que país fora enterrado fora conservado secreto pelos Irmãos que nos antecederam sendo por nós desconhecido. Na placa mencionada estava cravado um grande prego; assim quando foi arrancada com força, trouxe consigo uma grande pedra proveniente da parede fina , o rebote de uma porta escondida, destapando- a. Então derrubamos com alegria e esperanças o resto da parede, desobstruindo a porta. Sobre a porta estava escrito em caracteres de grande formato: POST 120 ANNOS PATEBO ,seguidos do antigo milésimo.
Demos graças a DEUS e, aspirando consultar em primeiro lugar , o Rotam, nossa obra sobre os Ciclos, detivemos nosso trabalho. Mas tornamos a nos referir à nossa Confessio Fraternitatis, pois o que aqui publicamos é para auxiliar aqueles que são dignos, contudo para os indignos (segundo a vontade de Deus) ela terá pouca utilidade. Da mesma forma como nossa porta se abriu de modo maravilhoso ao cabo de tantos anos, na Europa, uma porta também deverá se abrir, logo que o muro de tijolos seja afastado: ela já é visível; são muitos os que as esperam com intensidade.
Na manhã seguinte abrimos a porta, e aos nossos olhos surgiu uma galeria abobadada de sete lados e cantos, cada um deles medindo, aproximadamente, 1,5 metros de largura por 2,5 metros de altura. Embora o sol jamais brilhasse dentro dela, estava iluminada com uma outra luz solar, a qual aprendera a fazê-lo com o próprio sol, e estava situada na parte superior e no centro do teto. No meio, e em vez de lápide, havia um altar redondo coberto por uma chapa de bronze, tendo nela gravado:
A.C.R.C HOC UNIVERSI COMPENDIUM VIVUS MIHI SEPULCRUM FECI (Este compêndio do universo, construí durante minha existência para ser meu túmulo).
A volta do primeiro círculo, ou borda, constava: JESUS MIHU OMNIA (Jesus é para mim todas as coisas). No centro viam-se quatro figuras encerradas em círculos, cujas inscrições eram as seguintes:
1. Nequaquam vaccum (Em nenhuma parte existe um vácuo)
2.Legis Jugum (O Jugo da Lei)
3.Libertas Evangelli (A Liberdade do Evangelho)
4.Dei Gloria Intacta ( A Glória Íntegra de Deus).
Estava tudo claro e resplandecente como também os sete lados e os dois heptágonos; então, reunidos, ajoelhamo-nos e rendemos graças ao único , sábio e poderoso Deus , que nos ensinara mais do que poderiam haver descoberto todas as mentes humanas e então glorificamos seu Santo Nome.

A galeria foi dividida em três partes : a superior ou teto, a parede ou lado e o piso ou chão. Em relação ao teto, não nos deteremos muito por enquanto, porém estava dividido em triângulos, dispostos nos sete lados até o centro luminoso, porém o que nele estava contido , vós, se de acordo com a vontade de Deus aspireis pertencer a nossa confraria, contemplareis com seus próprios olhos; contudo cada lado ou parede estava subdividido em dez figuras, cada qual com suas varias estampas e sentenças particulares, conforme fielmente exibido e explicado no Concentratum ( Compendium) , aqui em nosso livro.
O piso também estava dividido em triângulos, porém devido nele estar descrito o poder e o regência dos governantes inferiores (os planetas) não podemos descrever isto por recear o abuso de um mundo cheio de maldade e afastado de Deus. Porém aqueles que estão previstos e têm o antídoto celestial, que sem medo pisam e destroem a cabeça da velha e maligna serpente que nos nossos dias está muito presente.

Cada lado ou parede possuía uma porta ou caixa onde estavam diversos objetos especialmente todos os nossos livros que de todas as formas já possuímos. Entre eles estava o Vocabulário de THEOP:PAR.HO. (Teofrastus Paracelsus de Hohenheim) e com os quais, sem artifícios estudamos diariamente. Também encontramos o Itinerariom e Vitam, dos quais muito deste relato é baseado. Entre uma outra caixa estavam espelhos de várias virtudes, como noutro lugar haviam pequenos sinos, lâmpadas acesas e mais que tudo haviam maravilhosos cantos artificiais que geralmente foram construídos com o objetivo de que se algo chegasse a suceder com a Ordem ou a Fraternidade, acabando-se depois de centenas de anos, poderia tudo restaurar-se novamente por meio desta única abóbada.
Como até aquele momento ainda não havíamos percebido os restos mortais do corpo de nosso cuidadoso e sábio pai, removemos o altar a um dos lados e levantamos uma forte placa de bronze. Encontramos um corpo perfeitamente conservado, intacto e sem deterioração alguma. Artificiosamente parecia como se estivesse vivo com todos seus ornamentos. Em sua mão portava um livro de pergaminho, chamado I. , que depois da Bíblia, é nosso maior tesouro. Ao final deste livro acha-se o seguinte ELOGIUM: GRANUM PECTORI JESUS INSITUM.
C. Ros. C. ex nobili atque splendida Germaniae R.C. familia oriundus, vir sui seculi divinis revelationibus subtilissimis imaginationibus, indefessis laboribus ad coelestia, atque humana mysteria ; arcanave admissus postquam suam (quam Arabico, & Africano itineribus Collegerat) plusquam regiam, atque imperatoriam Gazam suo seculo nondum convenientem, posteritati eruendam custo divisset et jam suarum Artium, ut et nominis, fides acconjunctissimos herides instituisset, mundum minutum omnibus motibus magno illi respondentem fabricasset hocque tandem preteritarum, praesentium, et futurarum, rerum compendio extracto, centenario major non morbo (quem ipse nunquam corpore expertus erat, nunquam alios infestare sinebat) ullo pellente sed spiritu Dei evocante, illuminatam animam (inter Fratrum amplexus et ultima oscula) fidelissimo creatori Deo reddidisset, Pater dilectissimus, Fra: suavissimus, praeceptor fidelissimus amicus integerimus, a suis ad 120 annos hic absconditus est.Tradução do ELOGIUM ao português:
Uma semente foi plantada no peito de Jesus. C. Ros. C. originou-se na nobre e famosa família alemã da R.C.; um homem aceito nos mistérios e segredos do céu e da terra através das revelações divinas, cogitações sutis e da persistente labuta de sua vida. Em suas viagens pela Arábia e África, reuniu um tesouro ultrapassando o dos Reis e Imperadores; não o achando, porém, adequado para a sua época, conservou-o secreto para ser descoberto pela posterioridade, e nomeou os herdeiros leais e fiéis de suas artes, e também de seu nome. Edificou um microcosmo correlacionado em todos os movimentos ao macrocosmo, e finalmente redigiu este compêndio das coisas passadas, presentes e futuras. Em seguida, tendo já ultrapassado um centenário, embora não atribulado por nenhuma enfermidade, que jamais sofrera em seu próprio corpo e tampouco permitira que outros a sofressem, mas chamado pelo Espírito de Deus, entre os últimos amplexos de seus irmãos, entregou sua alma iluminada a Deus seu Criador. Um pai amado, um Irmão afetuoso, um Mestre leal, um Amigo sincero, aqui permaneceu oculto por seus discípulos durante 120 anos.
Haviam firmado aqui abaixo:
1. Fra: I.A. Fr.C.H. (escolhido por C.H. chefe da Fraternidade) 2. Fr: G.V. M.P.C.3. Fra: R.C. Iunior haeres S. spiritus.(o mais jovem herdeiro do Espírito Santo)4. Fra: B.M. P.A. Pictor et Architectus.(pintor e arquiteto)5. Fr: G.G. M.P.I. Cabalista.Secundi Circuli.1. Fra: P.A. Successor, Fr: I.O. Mathematicus.(matemático, sucessor do Irmão I.O.)2. Fra: A. Successor, Fra. P.D.3. Fra: R. Successor patris C.R.C. cum Christo triumphant.(sucessor do Pai C.R.C., triunfador no Cristo)Ao final estava escrito o seguinte:
EX DEO NACIMUR , IN JESU MORIMUR , PER SPIRITUM SANCTUM REVIVISCIMUS
(De Deus nascemos , em Jesus morremos, pelo Espírito Santo revivemos)

O Irmão C.R.C. nasceu em 1378 e viveu 106 anos. Segundo isto morreu em 1484. Sua tumba foi descoberta 120 anos depois, ou seja no ano 1604.
Nessa época já haviam morrido os Irmãos I.0 e Fra. D., porém onde se encontrará o lugar de suas sepulturas? Não duvidamos que o mais velho dos irmãos, no instante de seu sepultamento, foi objeto de cuidados especiais e que também teria tido uma sepultura secreta.
Também esperamos que o nosso exemplo estimulará outros irmãos ,a procurar com mais cuidado pelos nomes que revelamos com tal finalidade, e a encontrar o local de suas tumbas.Célebres e apreciados, geralmente, por sua arte médica, nas mais antigas gerações, eles podem talvez , com efeito , contribuir para ampliar nosso tesouro, ou pelo menos para compreendê-lo melhor.
Quanto ao MINUTUM MUNDOM, nós o encontramos conservado noutro pequeno altar. Realmente mais admirável do que possa ser imaginado por qualquer homem de discernimento. Todavia nós não o descreveremos enquanto não tiver creditado um voto de confiança a nossa Fama Fraternitatis. Em seguida tornamos a cobrir o túmulo com as placas, e sobre elas colocamos o altar e tornamos a fechar a porta, apondo-lhe todos os nossos selos, antes de decifrar algumas obras, baseando-nos nas diretrizes de nossa Rota - nosso tratado sobre os ciclos - (entre outros, sobre o livro M. Hoh., cujo autor é o doce M.P., e que é útil como um tratado de economia doméstica). Em seguida, segundo o nosso costume, separamo-nos novamente, deixando nossas jóias a seus herdeiros naturais. E assim aguardamos a resposta e julgamento dos eruditos e dos não eruditos sobre as nossas revelações.
Ainda que conheçamos a amplitude de uma reforma geral divina e humana que contentará tanto os nossos desejos quanto as esperanças de todos os homens, não é mau, com efeito, que o Sol, antes de seu despertar , projete no céu uma luminosidade mais clara ou escura; que alguns se anunciem e se reunam para promover nossa irmandade pelo seu número e pelo prestígio do cânon filosófico idealizado e ditado por Pr. C., ou mesmo para deleitar-se com humildade e amor de nossos alienáveis tesouros, curando as misérias deste mundo e não lidando com tanta cegueira com as maravilhas divinas.

Porém, para que cada Cristão também possa apreciar a nossa piedade e probidade, professamos publicamente o conhecimento de Jesus Cristo nos termos claros e nítidos em que Ele, nesta época tem sido proclamado na Alemanha e onde certas províncias famosas o mantêm e o proclamam atualmente contra todos os entusiastas, heréticos e falsos profetas. Nós também celebramos os Sacramentos instituídos pela primeira Igreja reformada, com as mesmas fórmulas e cerimônias.

Na política reconhecemos o Imperio Romano e a IV Monarquia, como nosso regente e como regente dos cristãos. Apesar do conhecimento que possuímos em relação as mudanças que irão ocorrer e de nossa profunda aspiração em divulgá-las àqueles que são isntruídos por Deus, eis nosso manuscrito, que está em nosso poder. Nenhum ser humano nos colocará for a da lei, nem nos entregará aos indignos, sem a permissão do deus único.
Colaboraremos secretamente com esta causa benéfica segundo a Vontade divina. Porque nosso Deus não é cego como acreditam e profetizam os pagãos porém Ele é a glória da Igreja e a Honra do Templo.
Nossa filosofia não é tampouco nenhuma novidade: ela é conforme a que herdou Adão após a queda e que foi praticada por Moisés e Salomão. Ela não questiona ou refutadiferentes teorias porque a verdade é única, suscinta, sempre idêntica a ela própria, pois, adequando-se a Jesus em todas as suas partes e em todos os seus membros, ela é a imagem do Pai como Jesus é seu retrato, é um equívoco dizer que o que é verdadeiro em Filosofia é falso em Teologia. O que Platão , Aristóteles e Pitágoras estabeleceram, o que Enoch, Abraão, Moisés e Salomão confirmaram, naquilo que está em concordância com a Bíblia o grande livro das maravilhas, corresponde e descreve uma esfera, ou um globo em que todas as partes estão equidistantes do centro, ciencia em que trataremos mais profundamente na Conferencia Cristã.
Quanto ao que se refere em nossa época ao enorme sucesso da arte ímpia e maldita dos fazedores de ouro, que incita de forma muito singular uma multidão de lisongeadores evadidos das prisões e maduros para o cadafalso a cometer grandes vilezas abusando da boa fé e da ingenuidade de muitos indivíduos, a ponto de alguns acreditarem , em sua probidade, que a transmutação metálica é o ápice e o cimo da Filosofia, que é necessário dedicar-se completamente a ela e que a fabricação de massas e de lingotes de ouro agrada de forma especial a Deus - mediante preces irrefletidas, mediante expressões doentias e inúteis , eles esperam conquistar um Deus cuja onisciência penetra em todos os corações - , eis o que proclamamos publicamente: tais concepções são falsas.
Testificamos que para os verdadeiros filósofos, a fabricação de ouro não é senão um parergon, um trabalho preliminar, de pouca importancia, um entre milhares de outros tantos os que têm em seu repertório, e que são muito mais importantes.
Assim afirmamos as palavras de nosso bem- amado Pai C.R.C. : PHY: AURUM NICI QUANTUM AURUM.( Irra! Ouro, nada mais do que ouro!) Aquele a cujos olhos toda a natureza se revela não se deleita por poder fabricar ouro e domesticar demônios, mas segundo as palavras de cristo: se alegra por contemplar o céu abrir-se, os anjos do Senhor subir e descer, e seu nome inscrito no Livro da Vida.
Também testificamos que sob o nome de Chymia (Química) foram apresentados muitos livros e ilustrações no Contumeliam Gloriae Dei, como os denominaremos em sua devida época, dando aos puros de coração um Catálogo, ou registro deles.
E rogamos a todos os homens de ciencia que redobrem sua prudência à leitura destes livros: o inimigo não cessa de semear seu joio, até encontrar alguem mais forte que os extirpe.
Assim, de acordo com a vontade e pensamentos do Fra. C.R.C., nós seus Irmãos pedimos novamente aos sábios e eruditos de toda a Europa que leiam estas nossas FAMAM y CONFESSIONEM, traduzidos em seis idiomas, e que, se lhes aprouver, poderão deliberar considerarem essa nossa oferta, e julgarem a época atual com todo o desvelo, e declararem a sua opinião por impresso, seja como uma Communicatio consilio, ou sigulatim.
Ainda que neste momento não tenhamos mencionado nossos nomes e reuniões, as opiniõe de todos, não importa a lingua que professem, chegarão até as nossas mãos. E todos aqueles que indicarem seu nome receberão uma resposta de alguma forma. Proclamamos, que aquele que nutra a nosso respeito seriedade e cordialidade , ao dirigir-se a nós será por isso beneficiado em corpo e alma; todavia aquele que seja falso em seu coração, ou os ambiciosos de riquezas, não nos causará nenhum mal, mas atrairá para si a ruína e a destruição absolutas.
Em relação a nossa morada , ainda que cem mil pessoas tenham dela se aproximado e quase a contemplado de perto, permanecerá para sempre intocável, indestrutível e oculta para o mundo perverso. SUB UMBRA ALARUM TUARUM JEHOVA ( À sombra de Tuas Asas , Jeová )

Traduzido por um Probacionista da FRCMH
Baseado na versão inglesa de E.A. Waite


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