sábado, 19 de abril de 2008

A Alquimia e a Teoria dos Quatro Elementos

A Alquimia e a Teoria dos Quatro Elementos
Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6 Parte 7 Parte 8 Parte 9 Partes 10,11 Partes 12 ao fim
alquimia os gregos Geber Paracelsus Platão/Bacon Boyle flogiston Priestley Lavoisier Proust Dalton Atomicidade Dumas Gay Lussac Avogadro Cannizzaro
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2. A Alquimia e a Teoria dos Quatro Elementos
Por mais esotéricos que fossem, os conhecimentos da quimeia passaram dos egípcios para os árabes, que os introduziram na Europa quando da invasão da Espanha em 711 d.C. Por essa época, os iniciados introduziram à palavra o artigo “o”, comum à língua, e a prática da metalurgia e tratamento de minerais tornou-se conhecida por al-quimia.
Os alquimistas encontraram a indústria européia muito fracionada, de caráter fortemente corporativista, com fórmulas e procedimentos passados de pais para filhos, e portanto, sem nenhuma necessidade de desenvolvimento de “conhecimento científico”. Além disso, a divisão da sociedade em feudos dificultava as comunicações e o comércio era escasso e difícil, e por isso as cidades européias só importavam artigos de luxo. Tal situação exigia uma unidade de intercâmbio, e o ouro passou a ser o metal mais cobiçado. Aí se encaixa perfeitamente a filosofia alquímica: o caráter religioso dos egípcios sobre a transmutação do cobre em ouro (vida terrena em vida terrena/celestial) e os textos islâmicos dos árabes, aonde saúde significava a perfeição do corpo: para os alquimistas o ouro era a perfeição dos metais, nobre, incorruptível. A filosofia alquímica pretendia pois remover imperfeições, adicionar perfeição. Portanto,a condição econômica da Europa e a filosofia alquímica ajudou os alquimistas na sua procura à procura da “pedra filosofal”, que transformaria tudo o que tocasse em ouro, e, por outro lado, traria saúde perfeita para o corpo (imortalidade).
A finalidade limitada da alquimia privava os alquimistas dos critérios obtidos com a prática alquímica: eles não comprovavam suas concepções teóricas com práticas elaboradas, suas explicações para as transformações observadas eram um misto de naturalismo e misticismo, e seus conhecimentos eram transmitidos em uma linguagem extremamente simbólica, de difícil acesso aos não iniciados.
Principalmente, os conceitos teóricos dos alquimistas eram gregos. A Grécia, com suas cidades-estado, não tinham grandes necessidades em termos de agricultura, e, diferentemente dos egípcios, não cultuavam os mortos. Os gregos não gostavam de ser práticos, mas tinham o ambiente e a sociedade propícia para o florescimento da maioria dos conceitos filosóficos da humanidade, inclusive sobre o universo e a matéria. A 600 a.C. Tales já apontava que a alteração das substâncias era a alteração do “aspecto” de uma substância fundamental, o “elemento”. Tales, Anaximenes e Heráclito acreditavam que todas as substâncias eram compostas de um elemento simples, mas não concordavam quanto à natureza desse elemento. Tales pensava que a “água” era o elemento que, quando evaporava e condensava, criava todas as substâncias. Anaximenes acreditava que o elemento deveria ser o “ar”, que poderia condensar-se em “água” e “terra”, ou rarefazer-se em “fogo”. Heráclito pensava que o “fogo” era o elemento fundamental da natureza. A cerca de 450 a.C. Empédocles criou a idéia de que a natureza era composta de átomos, partículas “incortáveis” dos quatro elementos terra, ar, fogo e água, filosofia que Aristóteles ajudou a tornar mais abrangente.
Segundo a filosofia aristoteliana, plenamente seguida pelos alquimistas até cerca de 1500 d.C., os princípios básicos da natureza eram abstratos: quente, seco, frio e úmido; nem todas as combinações desses princípios seriam possíveis, mas, quando combinados e aplicados à matéria primária, formariam os “elementos fundamentais” de Empédocles. Assim, secura e calor combinar-se-iam para formar o fogo, a humidade e o frio por sua vez criariam a água, o frio e a secura gerariam a terra, o calor e a secura formariam o ar. Entretanto, essas qualidades abstratas poderiam ainda se combinar para formar ou uma “exalação aquosa” (mercúrio) ou uma “exalação esfumacenta” (enxôfre) que, segundo os alquimistas, poderiam emergir da “terra” ou se combinar com a “terra” para gerar corpos físicos mais complexos: Ainda segundo essa filosofia, um metal (seco) seria formado de substância (terra) e teria brilho (fogo).
A esses “princípios” e “elementos”, os alquimistas árabes adicionaram ainda os “princípios fundamentais” da refractabilidade, ou “fixidez no fogo” (sal), da combustibilidade (exalação esfumacenta = enxôfre) e da liquidez (exalação aquosa = mercúrio). Portanto, segundo a filosofia alquímica, era possível de serem misturados os “princípios básicos” na proporção adequada para se obter a pedra filosofal, a pedra da filosofia de Arquimedes.
Em sua busca, os alquimistas prepararam muitos sais puros, ácidos e bases. Por exemplo, o ácido sulfúrico era obtido pelo aquecimento de um certo minério de ferro (sulfato ferroso hidratado); a ação do ácido sulfúrico sobre o salitre (nitrato de sódio) produzia o ácido nítrico após a destilação da mistura resultante. A cal, ou água de cal (hidróxido de cálcio) era obtida cozinhando-se o calcário (carbonato de cálcio) até a obtenção de cal virgem (óxido de cálcio), que era dissolvido em água. Outra base forte, a potassa (hidróxido de potássio) era obtida das cinzas de madeira (ainda hoje é costume no interior do Brasil fazer-se sabão cozinhando-se gorduras e partes não aproveitadas de animais mortos com cinzas). Os alquimistas descobriram ainda o metal zinco, e os elementos químicos do grupo do fósforo (fósforo, arsênio, antimônio e bismuto).
Durante essa época, pelo menos um alquimista ficou notório (embora possivelmente muitos trabalhos lhe foram atribuídos pelos que traduziram sua obra “Invenção da Verdade, ou Perfeição” do árabe para o latim), Jabir Ibn-Hayyan, ou Abu Musa Jabir ibn Hayyan, auto-denominado Geber, acreditava que o ouro pudesse ser obtido pela mistura de mercúrio (metal) e enxofre (por sua cor amarela), no qual foi seguido pelos seus estudantes gregos, que tentavam ainda adicionar à essa mistura o elemento esotérico “xerion”, seco. Em árabe, seco traduzia-se por al-iksir ou al-aksir, sendo essa a origem da palavra elixir. Muitos historiadores acreditam que Geber era na verdade Yeber-Abou-Moussah-Djafer Al-Sofi, morto em 777 d.C. A importância de Geber na história da química não pode ser renegada: a ele é atribuída, por exemplo, a descoberta do ácido sulfúrico, importante na preparação de numerosas substâncias, inclusive na do papel como o conhecemos hoje. Além do ouro também outros metais, ensinava Geber, eram constituídos de mercúrio e enxofre, e daí a importância desses dois elementos para os alquimistas que o sucederam. Em sua obra, Geber chegou a apontar o interessante fato de que os metais aumentavam de peso quando calcinados ao ar.
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